Conservadores tentam atrair eleitorado a uma semana de legislativas
Londres, 5 dez 2019 (AFP) - A uma semana das eleições legislativas no Reino Unido, os conservadores de Boris Johnson prometeram nesta quinta-feira virar a página Brexit, mas também reduzir impostos e endurecer as regras migratórias nos seus primeiros 100 dias no poder em caso de vitória.
O primeiro-ministro convocou as eleições de 12 de dezembro para retirar o país do impasse político que se seguiu ao referendo do Brexit há três anos e meio. Embora lidere as pesquisas, o sucesso de sua aposta permanece incerto, mesmo que tenha recebido na quinta-feira o apoio dos deputados europeus que desertaram do Partido do Brexit.
"Em sete dias, o povo britânico terá que escolher entre uma maioria governamental que funciona ou um Parlamento sem maioria bloqueado", afirmou Boris Johnson em comunicado.
Na disputa eleitoral, o chefe de Governo fez da saída do Reino Unido da União Europeia o principal eixo de sua campanha. Mais uma vez, prometeu concretizar o divórcio em 31 de janeiro, a data prevista após três adiamentos.
"Se houver uma maioria conservadora na próxima semana, implementaremos o Brexit até o final de janeiro. 2020 será o ano em que finalmente deixaremos para trás as brigas e incertezas relacionadas ao Brexit", prometeu.
Em caso de vitória, Boris Johnson apresentará "antes do Natal" ao Parlamento o acordo negociado com a UE, que não obteve o consenso antes de sua dissolução.
O governo também planeja apresentar sua agenda legislativa durante o discurso da rainha Elizabeth II em 19 de dezembro.
Em mais uma tentativa de seduzir os eleitores, o primeiro-ministro prometeu reduzir os impostos das "famílias trabalhadoras" no primeiro orçamento pós-Brexit que será apresentado em fevereiro.
Durante seus primeiros 100 dias no poder, o governo conservador também legislará até 22 de março para financiar mais escolas e serviços públicos de saúde, introduzir um novo sistema de imigração e endurecer as penas para infrações terroristas, detalharam os "tories".
Estas promessas foram ridicularizadas pelo Partido Trabalhista, até agora o principal partido da oposição, que empreende uma campanha de esquerda, prometendo nacionalizações e investimentos em serviços públicos.
"Os conservadores estiveram 3.494 dias no poder e, durante esse período, vimos um número crescente de crianças vivendo na pobreza, de pessoas sem-teto, recorrendo a bancos de alimentos e crimes violentos", comentou o deputado Andrew Gwynne, denunciando quase uma década de austeridade.
Criticado por sua indecisão sobre o Brexit, o líder trabalhista Jeremy Corbyn prometeu negociar um novo acordo com Bruxelas e submetê-lo a um referendo, dizendo que permaneceria "neutro" na campanha.
Em um impulso adicional a Boris Johnson, quatro deputados do Partido do Brexit anunciaram que deixaram o partido eurofóbico liderado por Nigel Farage, que disse estar "desapontado", para apoiar os conservadores.
Entre os deputados que mudaram de campo está Annunziata Rees-Mogg, irmã do ministro Jacob Rees-Mogg, um fervoroso defensor do Brexit. "Precisamos de um governo que apoie o 'leave' fortemente para alcançar o Brexit pelo qual 17,4 milhões de pessoas votaram", declarou em comunicado.
"O acordo de Boris é a única opção para sairmos", ressaltou.
mpa-ar/gmo/mct/mr
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