Lula recebe reclamações de Pacheco e promete ajudar em diálogo com Haddad
Quase uma semana depois de expor suas insatisfações com a atitude do governo de recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) por causa da desoneração, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada, na noite de quinta-feira (2).
Os dois conversaram a sós por cerca de uma hora. Segundo apurou a coluna, Pacheco relatou que foi um encontro de "altíssimo nível" e que não havia nenhum problema na relação com o presidente Lula.
Apesar disso, Pacheco reclamou da articulação do governo e pediu ao presidente Lula que os ministros e líderes do governo tenham uma proatividade maior na apresentação de soluções para problemas em pauta.
Além da preocupação com a reoneração dos municípios, na conversa, Pacheco externou a Lula outras reclamações, como a dívida dos estados, que seria uma promessa antiga de o governo tentar resolver.
Jantar sem Haddad
Depois da conversa, alguns ministros chegaram ao Alvorada para jantar com Lula e o presidente do Senado. Uma ausência, no entanto, foi destaque: o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que passou a semana em São Paulo e não compareceu.
Alguns ministros presentes no jantar disseram que Lula achou melhor distensionar o clima entre Pacheco e Haddad e fazer uma espécie de "abre-alas" para a retomada do diálogo. O presidente teria ainda prometido que o ministro da Fazenda estaria aberto a negociações.
Nos últimos dias, Pacheco rebateu Haddad e chegou a dizer que o ministro fez declarações "injustas" e "desnecessárias" em relação ao Congresso.
Haddad cobrou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que o Congresso também precisa ter responsabilidade fiscal.
Haddad otimista e 'flexível'
Apesar de não ter comparecido, Haddad mantém o otimismo em relação a uma solução para a desoneração, ainda aposta em uma vitória com a ajuda do STF, mas já tem algumas alternativas para abrir a negociação com o Congresso.
Segundo apurou a coluna, o ministro tem sido flexível na ideia do retorno gradual da reoneração até 2027. Além disso, há projetos do líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães, que tratam do tema e contam com a simpatia de Haddad.
Lula pediu a ministros que uma solução possa ser desenhada e apresentada até 20 de maio, quando acontece a Marcha dos Prefeitos em Brasília.
Crise política pode empacar até reforma tributária
Fontes do Congresso e até membros da equipe econômica dizem que Lula acerta ao buscar uma proximidade e fazer gestos de afago a Pacheco e a Arthur Lira, mas admitem que as recentes crises políticas envolvendo os presidentes do Senado e da Câmara devem ter efeito em algumas matérias de interesse do governo.
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OLHAR APURADO
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Quero receberAté mesmo a reforma tributária, que tem o apoio de Pacheco e Lira, tem andado a um ritmo muito lento e já há dentro do governo quem considere que ela pode acabar ficando para o segundo semestre.
Ou seja, em ano eleitoral, com o Congresso com atenção nas eleições municipais, uma das pautas econômicas de maior visibilidade do governo pode demorar a sair do papel.
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