Trump recebe líder venezuelano Juan Guaidó na Casa Branca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu nesta quarta-feira (5) na Casa Branca Juan Guaidó mas, um ano depois de o líder parlamentar se autoproclamar presidente interino, num encontro que foi ofuscado pelo julgamento do processo de impeachment do americano.
A reunião carregada de simbolismos aconteceu às 14h15 (horário local), quando Guaidó foi recebido por Trump na porta da Casa Branca, escoltado por uma guarda de honra.
É um incentivo importante para o líder da oposição, que Washington e mais de cinquenta governos reconhecem como presidente interino de seu país, e que também está hospedado na residência de líderes estrangeiros localizada em frente à Casa Branca, onde a bandeira venezuelana agora tremula.
Após a reunião, Guaidó publicou uma foto com Trump no Salão Oval com a legenda "nossa luta é até conseguir".
"Os venezuelanos reconhecem a liderança determinada do Presidente @realDonaldTrump e agradecem o apoio inestimável de todo seu governo", escreveu no Twitter.
Em um breve comunicado, a Casa Branca afirmou que o encontro proporcionou uma "discussão histórica sobre como podemos trabalhar junto a nossos aliados na região para alcançar uma transição democrática na Venezuela.
A Casa Branca cancelou abruptamente o acesso à reunião no Salão Oval, que estava agendada paraum pouco antes da votação no Senado.
Guaidó participou na noite de terça-feira como convidado no discurso anual sobre o Estado da União no Capitólio, durante o qual Trump o apresentou como "o presidente verdadeiro e legítimo" da Venezuela e prometeu "esmagar" a tirania do governo de Nicolás Maduro.
Trump descreveu Guaidó, um engenheiro de 36 anos que se tornou político, como "um homem muito corajoso que carrega consigo as esperanças, sonhos e aspirações de todos os venezuelanos".
Guaidó foi aplaudido de pé de republicanos e democratas, numa época em que o clima político em Washington é marcado por divisão.
Para Guaidó, o convite é um incentivo que encerra sua viagem ao exterior, iniciada há duas semanas com uma reunião com o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo.
Ele também foi a Davos, na Suíça, sede do Fórum Econômico Mundial, e para a França, onde foi recebido pelo presidente Emmanuel Macron. Depois, visitou o primeiro-ministro Justin Trudeau, no Canadá, e neste fim de semana realizou uma manifestação com venezuelanos que moram em Miami.
"Continuaremos a trabalhar com nossos parceiros na região para enfrentar a ditadura ilegítima na Venezuela", afirmou a Casa Branca.
- Com Almagro na OEA -Depois, Guaidó visitou o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a única organização financeira multilateral que o reconhece.
"Estamos trabalhando há muito tempo para estarmos prontos para dia em que o presidente Guaidó tiver todos os instrumentos de poder", disse o presidente do BID, Luis Alberto Moreno.
Guaidó, que na quinta-feira será recebido na Organização dos Estados Americanos (OEA) pelo seu secretário da entidade, Luis Almagro, às 15H30, horário local (12H30 de Brasília), disse que está procurando "as ferramentas e oportunidades para desenvolver um país novamente".
Esta série de apoio é importante após ter passado mais de um ano desde que Guaidó se autoproclamou presidente interino, depois que Maduro assumiu um segundo mandato questionado após irregularidades nas eleições de 2018.
O sucessor de Hugo Chávez permanece no poder, apesar das sanções dos Estados Unidos, incluindo um embargo de fato ao petróleo bruto da Venezuela que é crucial para sua economia, em forte recessão desde 2013.
Maduro conta com o apoio da China e Rússia.
Um funcionário do governo americano expressou nesta quarta-feira "preocupação" com o papel da petrolífera russa Rosneft como parceira comercial da Venezuela.
"Estamos muito preocupados com o comportamento da Rosneft", disse a autoridade a repórteres sob condição de anonimato. O ministro do Exterior da Rússia, Sergey Lavrov, visitará Caracas esta semana.
- "Um fracasso" da política contra Maduro -O tratamento de Guaidó durante o discurso presidencial sobre o Estado da Nação gerou rejeição em Caracas. O governo Maduro denunciou as "ameaças violentas" de Trump após o presidente Trump prometer "esmagar" a "tirania" na Venezuela.
O convite da visita de Guaidó aos Estados também gerou críticas de parlamentares norte-americanos que desejam que o apoio se traduza em benefícios migratórios para os venezuelanos.
"Um convite é fácil. Garantir a proteção do TPS para quem foge da Venezuela exige que Trump desafie sua base xenofóbica", disse a congressista Debbie Wasserman Schultz no Twitter, referindo-se ao Estatuto de Proteção Temporária (TPS), que os Estados Unidos concedem a países cujas circunstâncias isentam seus cidadãos de deportação.
Trump promove uma política de imigração dura, que foi a base de sua campanha, enquanto vários congressistas buscam pressionar as leis para proteger os migrantes venezuelanos.
O chefe da minoria democrata do Senado, Chuck Schumer, disse que a política de Trump sobre a Venezuela "fracassou".
"Se a política estivesse funcionando, Juan Guaidó não estaria na galeria, ele estaria na Venezuela, ele estaria sentado no palácio presidencial", disse o líder democrata.
Em meio à situação caótica da economia venezuelana caracterizada por recessão aguda e hiperinflação, 4,7 milhões de pessoas fugiram do país, segundo dados da ONU.
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