Gastos militares mundiais aumentaram 4% em 2019
Munique, Alemanha, 14 Fev 2020 (AFP) - Os gastos militares mundiais aumentaram 4% em 2019, a alta mais expressiva em dez anos, em um cenário de crescentes rivalidades entre grandes potências e de disputa pelas novas tecnologias, segundo o relatório anual do instituto britânico IISS divulgado nesta sexta-feira (14).
Ao abrir o encontro, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, traçou um panorama sombrio.
"Ano após ano, nós nos afastamos do objetivo de uma cooperação internacional que tenda a criar um mundo pacífico", lamentou. "A ideia de uma competição entre as grandes potências impregna a realidade em todo planeta", acrescentou.
"Os gastos aumentaram com a saída das economias da crise financeira (de 2008) e com uma maior percepção de ameaças", destacou o diretor-geral do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), John Chipman, ao apresentar o relatório na Conferência de Segurança de Munique, Alemanha.
O fim do tratado sobre armas nucleares de médio alcance (500 a 5.500 km) em 2019 e a possível extinção do tratado New Start, sobre armamentos nucleares intercontinentais, em 2021, mudaram a ordem internacional Pós-Guerra Fria.
A ascensão da China e as crises regionais, da Ucrânia até a Líbia, também provocam um impacto, destaca o relatório.
Além disso, as novas armas desenvolvidas por China e Rússia - mísseis supersônicos, submarinos sem tripulação -, apresentadas como "invulneráveis", aumentam a pressão da corrida armamentista.
No atual contexto, os dois países com os maiores orçamentos militares do planeta, Estados Unidos (US$ 685 bilhões) e China (US$ 181 bilhões), prosseguem com o aumento exponencial, com um avanço de 6,6% em 2019 na comparação com 2018.
Os gastos militares americanos aumentaram US$ 53,4 bilhões no ano passado, ou seja, o equivalente ao sétimo orçamento mundial de defesa.
"Na Europa, a preocupação com a Rússia continua alimentando o crescimento dos gastos, com uma alta de 4,2% na comparação com 2018", afirmou Chipman.
Os orçamentos militares europeus retomaram, assim, o nível de 2008 em termos reais.
O crescimento maciço e acelerado das capacidades militares chinesas - míssil balístico intercontinental DF-41 capaz de atingir qualquer lugar nos Estados Unidos, aviões de combate J-20A, drones, etc. - é uma grande fonte de preocupação para Washington e para seus parceiros na região Ásia-Pacífico.
Como a Rússia, a China também iniciou o desenvolvimento de armas supersônicas com capacidade de desativar as defesas antimísseis, adverte o instituto com sede em Londres.
Durante o desfile pelo 70º aniversário do regime comunista, em 1º de outubro de 2019, Pequim apresentou com grande pompa um lançador de "planadores supersônicos", o DF-17.
O Exército russo anunciou em dezembro a incorporação de seus primeiros mísseis supersônicos Avangard, uma das armas elogiadas pelo presidente Vladimir Putin como "invencível" e "indetectável".
Na Europa, crescem as questões sobre o risco da retirada dos EUA, cada vez mais concentrado na região Ásia-Pacífico, embora tenha reforçado sua presença militar no leste do continente contra a Rússia e, no Golfo, diante das ameaças iranianas.
Os países-membros da Otan, com a Alemanha em primeiro lugar, também estão sob pressão orçamentária do presidente americano, Donald Trump, que exige um esforço maior para atingir a meta de gasto igual a 2% do PIB.
vl/ylf/mar/mis/fp/mr/tt
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.