Espanha supera número de mortes da China por coronavírus com 3.434
Madri, 25 Mar 2020 (AFP) - A Espanha superou o número de mortes registradas na China em decorrência do novo coronavírus, com 3.434 vítimas fatais desde o início do surto, 738 deles nas últimas 24 horas, segundo dados fornecidos nesta quarta-feira (25) pelo ministério da Saúde.
Apenas a Itália apresenta um balanço mortal superior ao da Espanha, que também viu aumentar em 20% o número de novos casos diagnosticados em um dia, de 39.673 a 47.610, à medida que as autoridades aumentam a capacidade de realizar testes em seus cidadãos.
A China, país onde a pandemia começou, registrou até o momento 3.281 mortes.
Depois de uma semana e meia de confinamento quase total para os espanhóis, que deve prosseguir até 11 de abril, o governo advertiu que esta semana seria "difícil", mas que acredita que o país está próximo de atingir o pico de contágios.
Apesar de registrar o maior número de mortes em um dia no país desde o início do surto, o ministério da Saúde também anunciou um aumento expressivo no número de pacientes curados, que quase 3.800 a 5.367.
Mais da metade dos falecimentos (53%) se concentram na região de Madri, a mais afetada pela epidemia tanto em nortes como em casos diagnosticados, que registrou 290 mortes nas últimas 24 horas.
Diante da saturação dos sistema de saúde e funerário, as autoridades regionais instalaram um hospital de campanha em um centro de convenções que poderá receber até 5.500 leitos e prepararam uma pista de gelo para funcionar como necrotério.
E anunciaram a conclusão de um contrato de 432 milhões de euros (467 milhões de dólares) com a China para adquirir suprimentos médicos para lidar com a epidemia de coronavírus.
De acordo com o ministro da Saúde, Salvador Illa, o contrato contempla o fornecimento de 550 milhões de máscaras, 5,5 milhões de testes rápidos, 950 respiradores e 11 milhões de luvas para atenuar a falta de material na Espanha.
O Congresso espanhol deve ratificar à tarde a extensão do estado de alarme até meia-noite de 12 de abril, decretado pelo governo, que descarta interromper toda atividade econômica não essencial, como a Itália fez e algumas regiões exigem.
"Já estamos em uma situação que, com o decreto do estado de alarme, a atividade econômica parou muito", defendeu a ministra da Economia, Nadia Calviño.
"O objetivo não deve ser parar a atividade, mas proteger os trabalhadores", insistiu a ministra.
Embora prudentes, as autoridades de saúde avaliaram positivamente o novo balanço, incluindo o número de mortes, cujo aumento, em termos percentuais, estagnou.
"O aumento (percentual) diário de mortes se estabilizou, o que implica, provavelmente, que não estamos muito longe do pico" de infecções, disse o diretor de emergências de saúde, Fernando Simón.
No entanto, os números podem continuar "crescendo nos próximos dias", pois há um atraso entre o aparecimento dos sintomas e o diagnóstico da doença, ressaltou.
A situação na Catalunha também é preocupante, onde casos diagnosticados e mortes estão crescendo rapidamente.
Sob grande pressão há dias, o sistema de saúde pode chegar a um ponto crítico nos próximos dias.
O governo promove a compra de material médico e de proteção e os distribui entre os diferentes centros hospitalares, em meio a críticas das regiões e dos profissionais da saúde pela escassez de máscaras ou respiradores.
"Estamos em uma situação de total insegurança e desamparo", denunciou em comunicado conjunto os colégios de profissionais de saúde diante do contágio de até 5.400 trabalhadores do setor.
O exército espanhol pediu à Otan "ajuda internacional".
O país também espera o apoio da Comissão Europeia, que lançou uma licitação conjunta para 25 países para equipamentos de proteção.
O Ejecutivo anunciou que sua vice-presidente Carmen Calvo, hospitalizada desde segunda-feira, teve resultado positivo para o teste de coronavírus.
Ela é a terceira contagiada dentro do gabinete de Pedro Sánchez, cuja esposa também está infectada.
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