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China celebra 'sucessos' na luta contra pandemia, mas alerta para imensos desafios

Teste de coronavírus em massa em uma grande fábrica em Wuhan, na província de Hubei, na China Imagem: Feature China / Barcroft Media via Getty Images

22/05/2020 10h33

A China enfrenta desafios econômicos "imensos" em decorrência da pandemia de coronavírus - alertou hoje o primeiro-ministro Li Keqiang ao abrir a sessão legislativa anual, que também vai procurar fortalecer o controle de Pequim sobre Hong Kong.

"Alcançamos importantes conquistas estratégicas em nossa resposta à covid-19", disse Li aos 3.000 delegados que usavam máscaras no Grande Salão do Povo, em Pequim.

"A epidemia ainda não chegou ao fim, e as tarefas que enfrentamos na promoção do desenvolvimento são imensas", disse ele, acrescentando que o governo chinês deve "redobrar" seus esforços "para minimizar as perdas resultantes do vírus".

O primeiro-ministro destacou a "grande incerteza" à frente e anunciou a rara decisão de se abster de comunicar uma meta de crescimento para 2020.

Li se limitou a dizer que Pequim "dará prioridade à estabilização do emprego e à garantia dos padrões de vida".

A China ainda se recupera da covid-19, que apareceu pela primeira vez na cidade de Wuhan no final do ano passado e se espalhou por todo mundo, provocando acusações de que Pequim não administrou de forma adequada sua resposta inicial, em um cenário de quase 330.000 mortes e de paralisia econômica global.

A pandemia também provocou um aumento das tensões entre Washington e Pequim, a tal ponto que o presidente americano, Donald Trump, disse esta semana que Pequim era responsável por um "massacre mundial".

O discurso de Li foi acompanhado de perto por pistas sobre as prioridades políticas, econômicas e sociais do partido comunista, especialmente em relação ao território semiautônomo de Hong Kong.

A China também anunciou uma ligeira desaceleração nos gastos militares até 2020, que aumenta 6,6% e permanece atrás dos Estados Unidos.

A sessão anual do Parlamento foi marcada este ano por medidas estritas contra o coronavírus, como a obrigação de usar máscara.

Para evitar o contágio entre a elite política, os delegados provinciais tiveram de ficar em quarentena por vários dias. Alguns tiveram de realizar testes quando chegaram a Pequim.

"Cada um come em uma mesa separada dos demais", segundo o jornal em inglês "Global Times".

Hong Kong

O presidente do Parlamento, Zhang Yesui, disse na noite de quinta-feira que a Câmara consideraria uma proposta de legislação de segurança em Hong Kong, que foi imediatamente denunciada pelos Estados Unidos e por figuras políticas do centro financeiro, que a classificaram de sentença de morte para as liberdades únicas do território.

Os detalhes da proposta ainda são desconhecidos, mas a China deixou claro que quer que o projeto de lei seja aprovado o mais rápido possível. Hong Kong viveu sete meses de protestos pró-democracia em massa e às vezes violentos no ano passado.

Em seu discurso, Li disse que o governo "vai estabelecer e melhorar os sistemas e mecanismos legais para salvaguardar a segurança nacional" em Hong Kong.

Uma tentativa de promulgar essa legislação em 2003 foi arquivada depois que meio milhão de pessoas protestaram nas ruas.

A controversa iniciativa voltou a ser discutida nos últimos anos, porém, à medida que o movimento pró-democracia ganhou peso.

"Este é o fim de Hong Kong, o fim de 'um país, dois sistemas', não se enganem", reagiu Dennis Kwok, deputado do Partido Cívico.

O princípio "um país, dois sistemas" confere à China o poder político final sobre Hong Kong, mas permite que a ex-colônia britânica retenha liberdades inexistentes no restante do continente.

Trump prometeu responder "com muita força" quando os detalhes forem divulgados, e os senadores americanos apresentaram um projeto para impor sanções a qualquer entidade envolvida em limitar a autonomia de Hong Kong.

Incerteza econômica

O crescimento econômico da China caiu 6,8% no primeiro trimestre, devido ao novo coronavírus, a primeira contração econômica em décadas.

Esperava-se que Li anunciasse uma meta de crescimento para 2020 de cerca de 6%. A pandemia anulou essas expectativas, deixando milhões de chineses desempregados e colocando inúmeras empresas em risco.

Li também anunciou que o déficit fiscal da China deve exceder 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, com o déficit aumentando em um trilhão de iuanes (cerca de US$ 140 bilhões) em comparação ao ano passado.

Títulos no valor de mais um trilhão de iuanes também serão emitidos, acrescentou a autoridade, que disse que são "medidas extraordinárias para um momento incomum".

Os dois trilhões de iuanes serão transferidos inteiramente para os governos locais, e os fundos serão usados principalmente para garantir emprego, atender às necessidades básicas de vida e proteger as entidades do mercado, disse Li.

Em comunicado divulgado após o discurso, o governo anunciou que aumentaria seu orçamento militar em 6,6% em 2020. O orçamento era de US$ 178 bilhões, o segundo maior do mundo depois dos Estados Unidos.

Isso representa uma desaceleração em relação à tendência dos últimos anos. Em 2019, esse orçamento havia crescido 7,5%.

Esta sessão de abertura foi adiada por mais de dois meses, enquanto a China lutava com o surto de coronavírus, no primeiro adiamento desde a Revolução Cultural de 1966-76, e foi cortada pela metade das duas semanas habituais.

A sessão desta sexta começou com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do coronavírus no país.

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