Venezuela espera 'gestos' da União Europeia após suspender expulsão de embaixadora
Caracas, 2 Jul 2020 (AFP) - O governo da Venezuela espera "gestos" da União Europeia (UE) após suspender nesta quinta-feira (2) a expulsão da embaixadora do bloco em Caracas, Isabel Brilhante Pedrosa, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza.
Voltar atrás foi "um gesto para não prejudicar o diálogo com a União Europeia e esperamos, portanto, que também haja gestos da Europa para tomar uma posição muito mais objetiva sobre os acontecimentos de nosso país", declarou o ministro venezuelano em uma entrevista à televisão internacional Telesur.
Pouco antes, um comunicado conjunto de Arreaza e do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, anunciou que a Venezuela "decidiu anular a decisão" de declarar Brilhante Pedrosa "persona non grata".
Na segunda-feira, o presidente venezuelano Nicolás Maduro deu à diplomata portuguesa 72 horas para deixar o país em resposta às sanções europeias contra 11 autoridades venezuelanas por ações contra a oposição liderada por Juan Guaidó.
"Os mecanismos de tomada de decisão da União Europeia são muito complexos. O alto representante (Borrell) não impõe nenhuma decisão por vontade própria, mas responde ao conselho de ministros da UE, dos 27 (países do bloco); de modo que são discussões e debates que devem ser abertos (...), mas a Venezuela espera que haja algum tipo de gesto que acompanhe o que fizemos", acrescentou Arreaza.
A UE pediu ao governo de Maduro na terça-feira que reconsiderasse a expulsão.
A Venezuela se tornou em 2017 o primeiro país latino-americano sancionado pela UE, que também impôs um embargo de armas.
As novas sanções da UE elevaram para 36 o número de autoridades venezuelanas proibidas de viajar ao bloco e congelam seus bens por prejudicar a democracia, o Estado de Direito e os direitos humanos neste país mergulhado em uma profunda crise política.
Arreaza pediu à Europa que deixe de "seguir a estratégia de mudança de governo pela força de Washington".
Guaidó é reconhecido como presidente responsável pela Venezuela por cinquenta países, entre eles Estados Unidos e vários da Europa.
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