EUA denuncia relatório da ONU sobre ataque em Bagdá por ocultar passado de Soleimani
Washington, 8 Jul 2020 (AFP) - Os Estados Unidos criticaram nesta quarta-feira (8) um relatório da ONU que apresentava como ilegal o ataque que matou um general iraniano no Iraque, acusando a organização de encobrir o "passado infame" do militar.
"É necessário um tipo especial de desonestidade intelectual para divulgar um relatório condenando os Estados Unidos por agirem em legítima defesa, enquanto ocultam o passado infame do general (Qasem) Soleimani como um dos terroristas mais mortais do mundo", disse Morgan Ortagus, porta-voz do Departamento de Estado americano.
"Este relatório tendencioso e tedioso atinge os Direitos Humanos, ao dar permissão aos terroristas, e prova mais uma vez por que (os Estados Unidos) estavam certos em deixar" o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, acrescentou.
Agnes Callamard, relatora especial das Nações Unidas para execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, concluiu na última terça que o assassinato de Soleimani em janeiro, próximo ao aeroporto de Bagdá, violou a cartilha da ONU.
Segundo Callamard, os Estados Unidos não apresentaram evidências de que estava sendo planejado um ataque iminente contra os interesses do país, e qualificou o fato como "assassinato arbitrário".
"Soleimani estava responsável pela estratégia militar do Irã e das ações na Síria e no Iraque. Mas, na ausência de uma ameaça iminente que colocava em risco vidas, a maneira de agir dos Estados Unidos foi ilegal", ressaltou a relatora.
A especialista independente não fala em nome das Nações Unidas, mas transmite sua análise à organização internacional.
Na próxima quinta, ela apresentará os resultados de sua investigação ao Conselho dos Direitos Humanos, do qual o presidente Donald Trump se retirou em 2018, alegando em parte, uma suposta inclinação da instituição contra Israel.
O ataque de drones que matou Soleimani e também o comandante iraquiano Abu Mehdi al-Muhandis, líder dos grupos paramilitares pró-iranianos em seu país, foi ordenado por Trump após uma escalada de tensões entre os Estados Unidos e o Irã, país punido por Washington com duras sanções.
O governo republicano foi condenado por parlamentares, especialmente pela oposição democrata, que afirma que não há evidências de que havia um ataque iminente para justificar legalmente a morte do oficial iraniano.
Soleimani comandou a força de elite Quds da Guarda Revolucionária Iraniana, que tem operações fora da república islâmica, tendo apoio inclusive do presidente sírio, Bashar al-Assad.
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