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Conselho de Segurança rejeita tentativa russa de reduzir ajuda à Síria

10/07/2020 20h04

Nações Unidas, Estados Unidos, 10 Jul 2020 (AFP) - O Conselho de Segurança das Nações Unidas rejeitou nesta sexta-feira uma segunda tentativa da Rússia de aprovar uma resolução limitando a ajuda transfronteiriça à Síria devastada pela guerra, disseram diplomatas.

A resolução, que pedia a redução do número de pontos de trânsito de ajuda de dois para um, recebeu apenas o apoio de China, Vietnã e África do Sul, além de Moscou.

Sete países, incluindo Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha e Bélgica, votaram contra, com quatro abstenções.

Uma outra tentativa da Rússia de aprovar resolução semelhante sobre a autorização do transporte de ajuda já havia fracassado no início desta semana.

Nessa sexta, a Rússia exigiu submeter à votação um texto, mas já havia antecipado que não obteria o número de votos necessário ou que seria vetado por um ou pelos outros quatro membros permanentes do Conselho (China, Estados Unidos, França e Reino Unido).

O dispositivo transfronteiriço da ONU, que existe desde 2014, permite levar ajuda humanitária aos sírios sem necessidade da aprovação de Damasco e expira esta noite.

A Rússia argumenta que mais de 85% da ajuda entregue à Síria passa por Bab al-Hawa e que, portanto, o outro acesso poderia ser fechado.

Em janeiro, a Rússia, maior aliada da Síria, já havia reduzido o número de pontos de entrada para esse país de quatro para dois e limitava a autorização para seis meses, em vez do acordo anual que havia até então.

- Cinco votações em vão -A última proposta russa, obtida pela AFP, prevê manter apenas o acesso a Bab al Hawa. Entretanto, Moscou agora ofereceu estender a autorização de ajuda transfronteiriça por um ano, em vez dos seis meses que queria.

O Conselho de Segurança já fez cinco votações sobre esta questão sem chegar a um compromisso.

Nesta sexta-feira, a Alemanha e a Bélgica apresentaram um novo projeto de resolução ao Conselho, que planeja manter o ponto de entrada de Bab al Hawa por um ano e o ponto de entrada de Bab al Salam por apenas três meses, informaram diplomatas.

Os dois Estados, membros não permanentes do Conselho e responsáveis pelo aspecto humanitário da crise síria na ONU, podem pedir ao grupo que vote, já que o texto russo fracassou.

Desde o início da guerra na Síria em 2011, a Rússia vetou resoluções sobre o país árabe 16 vezes, e a China fez 10 vezes.

Rússia e China argumentam que a autorização da ONU viola a soberania da Síria e que a ajuda poderia ser canalizada de forma progressiva, por meio das autoridades sírias, à medida que estas recuperassem o controle dos territórios.

A ONG Oxfam advertiu que deter a ajuda transfronteiriça representa "um golpe devastador para milhões de famílias sírias que dependem dessa assistência para receber água potável, alimentos, atendimento de saúde e abrigo".

David Miliband, presidente da ONG International Rescue Committee, denunciou em comunicado "um dia negro" para os sírios com o novo veto da Rússia e China, que classificou de "vergonha".

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