Bolsonaro é acusado de crime contra a humanidade por profissionais da saúde no TPI
Haia, 27 Jul 2020 (AFP) - Profissionais da saúde solicitaram ao Tribunal Penal Internacional (TPI), nesta segunda-feira (27), que inicie uma investigação sobre a gestão do presidente Jair Bolsonaro da pandemia de COVID-19, que consideram um crime contra a humanidade.
O caso foi levado ao tribunal em Haia por uma coalizão de sindicatos, que afirma representar mais de um milhão de trabalhadores da saúde de todo o Brasil.
Os sindicatos acusam o presidente de extrema direita "de ter agido com negligência criminosa durante sua gestão da pandemia de COVID-19, arriscando a vida de profissionais da saúde e membros da sociedade brasileira", de acordo com documentos consultados pela AFP.
O TPI, criado em 2002, não tem a obrigação de aceitar os milhares de pedidos levados ao seu tribunal, que decide de modo independente quais casos apresentarão aos magistrados.
Jair Bolsonaro, que anunciou ter dado negativo para o coronavírus no sábado, mais de duas semanas depois de um teste positivo, tem frequentemente minimizado a gravidade da pandemia, chamando-a de "gripezinha".
Os sindicatos afirmam que Bolsonaro "perpetuou os riscos de contágio pela COVID-19, organizando reuniões com seus apoiadores, abordando-os sem máscara e promovendo um tratamento médico altamente questionável, com hidroxicloroquina", considerado ineficaz contra a pandemia após vários estudos científicos.
"O governo Bolsonaro deve ser considerado responsável por sua resposta à pandemia e por sua recusa em proteger os profissionais de saúde e brasileiros que jurou defender", disse em um comunicado Marcio Monzane, secretário para a região das Américas da federação sindical UNI Global Union.
O Brasil é o segundo país mais afetado pela COVID-19, com mais de 2,4 milhões de casos e cerca de 87.000 mortes, de acordo com dados oficiais.
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