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Irã fala em "humilhação" dos EUA após ONU rejeitar embargo a armas

O presidente do Irã, Hassan Rohani - Abedin Taherkenareh/Efe
O presidente do Irã, Hassan Rohani Imagem: Abedin Taherkenareh/Efe

15/08/2020 08h40

O Irã celebrou neste sábado o que considera a "humilhação" sofrida pelos Estados Unidos após a rejeição do Conselho de Segurança da ONU de uma resolução promovida por Washington para ampliar o embargo sobre a venda de armas à república islâmica.

Apenas dois dos 15 membros do Conselho votaram a favor, o que reflete a divisão entre Washington e seus aliados europeus desde que o presidente Donald Trump se retirou, de modo unilateral em 2018, do acordo nuclear.

"Estados Unidos fracassaram nesta conspiração com humilhação", afirmou o presidente do Irã, Hassan Rohani, em uma entrevista coletiva.

"Na minha opinião, este dia entrará para a história do nosso Irã e para a história de luta contra a arrogância global", completou.

Os aliados europeus de Washington optaram pela abstenção o Teerã ironizou a administração Trump por ter conquistado o apoio apenas de outro país, a República Dominicana.

"Nos 75 anos de história das Nações Unidas, Estados Unidos nunca apareceram tão isolados", tuitou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Abbas Musavi.

"Apesar de todas as viagens, pressões e divulgação de boatos, o governo dos Estados Unidos só conseguiu mobilizar um pequeno país (para votar) com ele", completou.

O resultado aumenta a probabilidade de que os Estados Unidos tentem forçar unilateralmente o retorno das sanções da ONU, o que, segundo analistas, ameaça levar o Conselho a uma de suas piores crises diplomáticas.

"O fato de que o Conselho de Segurança não atue com decisão em defesa da paz e da segurança internacional é indesculpável", afirmou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em um comunicado.

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, chamou o resultado da votação de "vergonhoso".

O embargo sobre as armas expira em 18 de outubro, segundo os termos de uma resolução que aprovou o acordo nuclear do Irã, assinado em junho de 2015 e denominado Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA).

Desde que o governo Trump se retirou do acordo e retomou as sanções contra o Irã, em uma campanha de "pressão máxima", Teerã deu pequenos passos, mas cada vez maiores, para afastar-se do cumprimento do acordo nuclear, ao mesmo tempo que tenta pressionar para obter o alívio das sanções.

Os aliados europeus dos Estados Unidos, que ao lado da Rússia e da China assinaram o acordo com o Irã, expressaram apoio à extensão do embargo de armas convencionais de 13 anos.

Mas a prioridade destes países é preservar o JCPOA.

O texto americano, ao qual a AFP teve acesso, pedia uma prorrogação por tempo indeterminado do embargo ao Irã, uma medida que diplomatas consideraram que ameaçaria o acordo nuclear.

O Irã afirma que tem o direito à autodefesa e que a continuidade da proibição significaria o fim do acordo nuclear.

Pompeo antecipou que os membros do Conselho não apoiaram a proposta quase 30 minutos antes de a Indonésia, atual presidente do Conselho de Segurança, anunciar que os resultados oficiais tinham dois votos contrários e 11 abstenções, incluindo França, Reino Unido e Alemanha, aliados europeus dos Estados Unidos.

Rússia e China votaram contra a resolução.

"O resultado demonstra mais uma vez que o unilateralismo não goza de apoio e que a intimidação fracassará", tuitou a missão da China na ONU.

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