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Conservadores esperam vitória folgada em eleição-chave regional na Espanha

04/05/2021 16h51

Madri, 4 Mai 2021 (AFP) - Os madrilenses votaram nesta terça-feira (4) em eleições regionais polarizadas, nas quais a presidente conservadora, famosa por sua oposição às restrições anticovid, se encaminha para obter uma vitória folgada e significativa frente à coalizão de esquerda que governa a Espanha.

A conservadora Isabel Díaz Ayuso, presidente regional e candidata à reeleição, seria a grande vencedora, segundo pesquisas realizadas nos últimos dias pela Gad3 e a Sociométrica, e publicadas no fechamento das seções às 20h locais (15h de Brasília).

À espera da divulgação dos resultados oficiais durante a noite, as duas pesquisas dão a Díaz Ayuso, do Partido Popular (PP), o dobro dos assentos do que nas eleições regionais anteriores, em 2019.

Com 60 deputados dos 136 que compõem a câmara regional, a presidente de Madri superaria com grande folga o Partido Socialista, do chefe de governo Pedro Sánchez, que não chegaria a 30 assentos e teria, assim, um resultado decepcionante.

E junto com a extrema direita do Vox (12 a 15 deputados), o PP teria uma maioria confortável para empossar novamente Díaz Ayuso como presidente da região mais rica da Espanha, dirigida por governos conservadores há 26 anos.

A esquerda radical do Podemos, encabeçada nestas eleições por seu líder, Pablo Iglesias, obteria no máximo oito assentos, muito atrás de sua dissidência, Más Madrid, que pisaria os calcanhares dos socialistas com até 29 cadeiras.

A participação foi muito alta, segundo dados oficiais quase completos. Uma hora antes do fechamento das seções, votaram 69% dos eleitores convocados, 11% a mais do que na mesma hora em 2019.

As eleições desta terça foram as primeiras realizadas em Madri desde que surgiu a pandemia, em março de 2020, especialmente virulenta na capital, que precisou improvisar hospitais de campanha e um necrotério em uma pista de patinação no gelo.

Ainda agora, com 15.000 óbitos de um total de 78.000 em todo o país, a região da capital registra as piores incidências pelo coronavírus, com 45% de seus leitos de terapia intensiva ocupados com pacientes doentes com covid-19.

- Presidente dos bares -Mas os conservadores acreditam em capitalizar a arriscada política de medidas flexíveis adotada há quase um ano por Díaz Ayuso, com a abertura contínua de bares, restaurantes e casas de espetáculos.

A resistência às pressões do governo central e a oposição a endurecer as restrições renderam amplas simpatias, especialmente no setor de bares e restaurantes, com cervejas e pizzas batizadas em sua homenagem.

"Ayuso merece ser amada pelo que fez, abrir os bares e gerar emprego", disse José Luis Cordón, um funcionário público de 63 anos que votou na conservadora.

O resultado das eleições antecipadas terá validade de apenas dois anos, pois os madrilenos terão que votar novamente em 2023, quando devem acontecer as legislativas nacionais.

Enquanto aguarda a disputa nacional, o PP, desbancado do poder central em 2018, apresenta a "batalha de Madri" como a primeira etapa da futura disputa eleitoral com Pedro Sánchez, que governa em coalizão com o partido de esquerda radical Podemos.

"Estou convencido que isto será um ponto de inflexão para o futuro da Espanha", disse o dirigente nacional conservador Pablo Casado.

"A coalizão que governa a Espanha seguirá por muitos anos", respondeu Pablo Iglesias, que abandonou uma vice-presidência do governo central para disputar a eleição em Madri e tentar frear a queda de seu partido nesta região-chave.

- Slogans e ameaças -A campanha aconteceu dentro de uma estrita lógica de blocos: os partidos de direita (PP, Vox e os liberais de Cidadão) contra as formações de esquerda (PSOE, Podemos e sua cisão Mais Madri).

Os debates sobre problemas concretos como a gestão da pandemia, os problemas de habitação e de investimentos em serviços públicos não tiveram peso.

Em um clima de slogans bombásticos ("comunismo ou liberdade", "fascismo ou democracia"), a campanha foi abalada por ameaças contra vários líderes políticos, entre eles Díaz Ayuso e Pablo Iglesias, com envelopes que continham projéteis de armas de fogo.

A votação acontece sob rígidas medidas para minimizar o risco de contágio para eleitores e mesários.

As autoridades pediram às pessoas com covid-19 ou suspeita de contágio que votem no último horário, entre 19H00-20H00, mas esta não é uma obrigação.

avl/dbh/mis/fp/mvv