Jamil Chade

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Reportagem

Na Hungria, Eduardo Bolsonaro defende Cid, presos de 8/1 e elogia Musk

O deputado Eduardo Bolsonaro usou sua participação em um evento na Hungria nesta sexta-feira para defender Mauro Cid, auxiliar de ordens de seu pai Jair Bolsonaro, os participantes dos ataques de 8 de janeiro de 2023, denunciar supostas "torturas" com aliados bolsonaristas e teceu elogios a Elon Musk. Ele ainda alertou que existia uma suposta preparação para confiscar seu passaporte.

O discurso construído para dar uma impressão de que uma repressão e "censura" estaria ocorrendo no Brasil e que a democracia estaria em risco foi feito no CPAC 9 (Conferência de Ação Política Conservadora), a principal conferência ultraconservadora mundial, desta vez transformada em um palco para articular posições para eleições estratégicas que vão ocorrer em 2024.

A tática de disseminação desta narrativa repete o que Eduardo Bolsonaro e outros parlamentares fizeram nos EUA em março e numa sala praticamente vazia do Parlamento Europeu em abril. Eles ainda foram ao Tribunal Penal Internacional para apresentar uma queixa, ainda que não existam evidências de que tenham sido recebidos pelo procurador-geral.

No público em Budapeste, ouviam Eduardo Bolsonaro os herdeiros do franquismo na Espanha, aliados de Donald Trump, membros da equipe de Javier Milei e alguns dos partidos mais xenófobos da Holanda, Itália, Eslovênia, Polônia, França, Alemanha e Áustria.

Antes de Eduardo Bolsonaro, os demais discursos fizeram ataques explícitos contra o movimento LGBTQI+, ONGs, intelectuais, judiciário, imprensa e imigrantes.

Ao se apresentar, o deputado brasileiro citou casos de Daniel Silveira para justificar seu argumento de que pessoas podem ser presas no Brasil "por falar". "Isso é uma democracia? Numa democracia se prende alguém por falar? Essa é a realidade do Brasil", disse, sem explicar os crimes que ex-deputado cometeu e apenas citando que ele "fez um vídeo criticando o STF". "Ele está na prisão por falar", disse o deputado.

Eduardo Bolsonaro também criticou a prisão dos participantes dos ataques contra a Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, indicando como pessoas teriam sido tratadas como terroristas. Segundo ele, muitos dos presos estavam "em acampamento pacíficos", alegou que nenhum tiro foi disparado naquela data e que o grupo estava "revoltado" diante do processo eleitoral de 2022.

O deputado também usou as prisões de Felipe Martins, Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal), Mauro Cid e outros para sugerir que haveria um suposto abuso de poder contra seu movimento.

Segundo ele, as alegações contra essas pessoas de que havia um golpe de estado são "fantasias". "Nunca foram iniciadas e nem planejadas", disse.

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Sem qualquer prova, ele ainda insistiu que esses aliados estariam sendo "torturados para falar qualquer coisa que relacione Bolsonaro com esse golpe de estado fantasioso".

Eduardo Bolsonaro ainda usou o palco para alegar que seu pai sofreu supostas restrições para fazer campanha eleitoral em 2022. Contrariando os fatos, o deputado afirmou que seu pai foi "banido" de fazer uma campanha eleitoral, "as pessoas foram banidas de lhe dar apoio". "E querem nos fazer acreditar que é uma democracia", disse.

Mas o filho do ex-presidente declarado inelegível fez questão de elogiar Elon Musk, dono da plataforma X. "Um dos homens mais ricos do mundo mostrou os bastidores entre Alexandre de Moraes e Twitter", disse.

Ele ainda explicou como alguns de seus aliados no Congresso americano produziram um informe e que agora vão cobrar explicações por parte de Joe Biden. Segundo Eduardo Bolsonaro, Moraes foi "basicamente chamado de ditador" no informe.

Parte do discurso também foi dedicado a alertar à extrema direita mundial sobre um suposto risco de que ele mesmo seria preso. "Risco de voltar ao meu país e ter meu passaporte confiscado, ver a FBI bater na porta ou até ser preso, como ocorreu com Daniel Silveira", disse.

"Foi incluído num inquérito", disse. "Estão preparando para tirar meu passaporte, como fizeram com meu pai. É difícil viver no Brasil neste momento", disse.

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Para concluir, Eduardo Bolsonaro citou uma frase de um "filósofo brasileiro": Olavo de Carvalho.

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