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Prazo para formar coalizão contra Netanyahu em Israel se aproxima do fim

Arquivo - Políticos que desejam afastar Netanyahu (foto) do poder têm prazo até meia-noite para alcançar um acordo - Nir Elias/Reuters
Arquivo - Políticos que desejam afastar Netanyahu (foto) do poder têm prazo até meia-noite para alcançar um acordo Imagem: Nir Elias/Reuters

Em Jerusalém

02/06/2021 09h21

Os políticos israelenses que desejam afastar do poder o veterano primeiro-ministro Benjamin Netanyahu têm prazo até meia-noite desta quarta-feira para alcançar um acordo para uma coalizão "de mudança", integrada por rivais ideológicos, com o objetivo de virar a página de mais de dois anos de crise política.

As negociações intensas prosseguiram durante a madrugada e continuam hoje, pois o prazo concedido pela presidência para a formação de uma coalizão termina às 23h59 (17h59 de Brasília).

O bloco anti-Netanyahu não conseguiu, como estava previsto, um acordo no momento em que o Parlamento se reuniu para escolher o 11º presidente da história do Estado de Israel.

O trabalhista Isaac Herzog, de 60 anos, foi eleito para o cargo, que é sobretudo simbólico, pois o verdadeiro poder em Israel está com o primeiro-ministro.

Desta maneira, ao meio-dia de quarta-feira (horário local) Israel tinha um novo presidente, mas não um novo primeiro-ministro.

As negociações envolveram durante três dias representantes dos principais partidos de esquerda, centro e parte da direita, incluindo o Yamina, a coalizão do líder da direita radical Naftali Bennett, que pode ser o futuro primeiro-ministro como parte de um acordo de rodízio de poder.

"Todos trabalham duro para tentar finalizar um acordo o mais rápido possível", declarou à AFP uma fonte próxima às negociações.

O centrista Yair Lapid, que recebeu em maio do presidente de Israel a tarefa de formar uma coalizão, depois que Netanyahu fracassou em sua tentativa, busca com urgência um acordo opara um "governo de unidade nacional".

Antes ele precisa solucionar as divisões e as aspirações de todos os partidos, sobretudo a respeito dos cobiçados ministérios da Defesa e da Justiça.

"Muitos obstáculos"

"Até a formação do governo, ainda há muitos obstáculos", afirmou Lapid na segunda-feira. "Na próxima semana, Israel pode se encontrar em uma nova era", completou.

A coalizão é tão heterogênea e improvável que discorda em quase todos os temas, da relação com os palestinos à recuperação econômica, passando pelo espaço ocupado na religião na política.

Seu único ponto em comum é o desejo de acabar com a era Netanyahu, que chegou pela primeira vez ao poder há 25 anos e governou de 1996 a 1999, antes de ser reeleito em 2009, desde quando atua como o primeiro-ministro.

Netanyahu está sendo julgado por "corrupção" em três casos, o que faz dele o primeiro chefe de Governo israelense que enfrenta acusações penais enquanto está no cargo. Se deixar o poder, ele voltará a ser um simples de deputado e perderá a influência para tentar aprovar uma lei que o proteja de seus problemas legais.

Se Lapid anunciar um acordo nas próximas horas, ele terá sete dias para distribuir os ministérios e obter um voto de confiança do Parlamento.

Mas tudo ainda é possível. Netanyahu, seu partido (Likud) e seus advogados tentam evitar um possível acordo de coalizão.

"Traição"

De acordo com a imprensa israelense, o presidente do Parlamento, Yariv Levin (Likud), poderia adiar em uma semana o voto de confiança no Parlamento com a esperança de, neste período, dividir o campo anti-Netanyahu.

Os advogados do Likur apresentaram à presidência de Israel as dúvidas sobre a constitucionalidade do projeto de rodízio no comando do governo esboçado por Yair Lapid.

De acordo com um texto consultado pela AFP, a presidência descartou a questão legal e recordou que Bennett poderia ser o primeiro a assumir o posto de chefe de Governo.

Além disso, os simpatizantes de Netanyahu consideram o possível acordo governamental uma "traição". Em um momento de tensão, a segurança ao redor de Bennett e Lapid foi reforçada, segundo os partidos.

Se Lapid não conseguir formar o governo, os deputados podem solicitar ao presidente que atribua a missão a um parlamentar diferente. Ou o país voltará às urnas, pela quinta vez em pouco mais de dois anos.