MP da França pede prisão do ex-presidente Sarkozy por gastos em 2012
O Ministério Público da França pediu hoje uma pena de um ano, incluindo seis meses de prisão em regime fechado, para o ex-presidente Nicolas Sarkozy por ter excedido o valor máximo de gastos autorizados durante a campanha eleitoral de 2012.
Sarkozy administrou com "total descuido" as finanças de uma campanha de "ouro maciço", considerando que duplicou o limite legal de gastos, escreveram os promotores encarregados do caso.
O MP solicitou ainda uma multa de 3.750 euros. Sarkozy, ausente da audiência, está em julgamento desde 20 de maio.
Ele enfrenta estas acusações junto com outros 13 réus. Para estes, foram solicitadas sentenças de 18 meses a quatro anos de prisão.
"Visivelmente Nicolas Sarkozy não lamenta nada, porque só veio a uma audiência", declarou a promotora Vanessa Perrée.
"Esse comportamento, não se considerar um cidadão como qualquer outro, coincide com o que aconteceu durante esta campanha presidencial, na qual [Sarkozy] se colocou acima" dos outros, criticou.
No início de março, Sarkozy tornou-se o primeiro ex-presidente desde 1958 a ser condenado à prisão: foi condenado a três anos de prisão, dois dos quais com sursis, por corrupção e tráfico de influência, e apelou.
"Absurdo"
A campanha eleitoral de 2012 foi caracterizada pelo seu "improviso e falta absoluta de preparo", descreveu a promotora.
Ela ainda ironizou sobre os "profissionais da política" que, aparentemente, desconheciam completamente quanto custava um comício eleitoral.
Para a acusação, a culpa dos ex-diretores da Bygmalion, a empresa que organizava esses comícios de Sarkozy, de sua filial encarregada dos eventos paralelos e dos altos cargos na época do partido do presidente, o UMP (atualmente Os Republicanos) "está fora de qualquer questão".
Somente 4 dos 14 reús admitiram parcialmente sua responsabilidade em um sistema de faturas falsas criado para ocultar a explosão de gastos da campanha do presidente.
O teto legal de gasto foi ultrapassado em 22 milhões de euros.
A investigação revelou que o preço real dos 44 atos de campanha pela agência Bygmalion foi drasticamente reduzido para não gerar suspeitas - 80% das faturas desapareceram - e que o restante foi pago pelo UMP como se fossem convenções do partido.
A investigação "não provou" que Sarkozy "ordenou" ou que "participou" da fraude, ou sequer se foi informado do crime.
Entretanto, é "inegável", afirma o MP, que ele se beneficiou do esquema, o qual permitiu que dispusesse de "meios muito superiores aos autorizados pela lei".
Sarkozy foi interrogado durante quatro horas e negou energicamente as acusações.
A campanha de 2012 se parecia como "duas gotas d'água" em relação a de 2007 que o levou ao poder, disse. Nessas condições, é "absurdo" que possa ter custado "o dobro", acrescentou o ex-presidente.
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