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França tem eleições regionais sob a sombra da extrema-direita

20/06/2021 14h23

Paris, 20 Jun 2021 (AFP) - Os franceses votam neste domingo (20) o primeiro turno das eleições regionais, o que pode confirmar o avanço da extrema-direita a menos de um ano das eleições presidenciais.

As assembleias de voto foram abertas às 08h local (3h Bras) para os 48 milhões inscritos nos cadernos eleitorais.

Embora a pandemia covid-19 esteja em declínio, um protocolo sanitário foi posto em prática e os eleitores terão que respeitar uma distância segura, usar uma máscara e álcool em gel.

O Reagrupamento Nacional (RN), liderado por Marine Le Pen, lidera as pesquisas em seis das 13 regiões metropolitanas, impulsionado pela rejeição aos partidos tradicionais e pelo medo causado pelos ataques extremistas.

Seria a primeira vez na história da França que a extrema-direita governaria uma região, o que permitiria estabelecer sua credibilidade diante das eleições presidenciais do próximo ano, que são anunciadas como uma disputa acirrada entre Le Pen e o presidente centrista, Emmanuel Macron.

O que tem mais probabilidade de se curvar é o sudeste da Provença-Alpes-Côte d'Azur, onde o RN é liderado por Thierry Mariani, um ex-ministro de Nicolas Sarkozy, que desertou do Partido Republicano (direita) em 2019.

Antoine Bristielle, especialista em opinião pública da Fundação Jean Jaurès, acredita que esta eleição será mais um passo na normalização da extrema-direita.

"Não é que as ideias do Reagrupamento Nacional sejam mais populares ou mais aceitas pela sociedade francesa, mas que o partido não assusta mais os eleitores a ponto de provocar uma onda de oposição", disse ele à AFP.

A votação, atrasada em três meses por conta da crise de saúde, será realizada por dois domingos consecutivos, sendo necessário um segundo turno no dia 27 de junho, a menos que um candidato obtenha mais de 50% no primeiro turno.

- Recorde de abstenção? -A abstenção, que poderá atingir um nível recorde no contexto de uma pandemia, também beneficiaria a extrema-direita.

A participação foi de 26,72% às 14h00 (Brasília), muito atrás dos números superiores a 40% nas eleições regionais de 2015, segundo dados do Ministério do Interior.

"Quanto mais a abstenção aumenta, em termos de número de votos, os extremos do espectro político vencem", explica Pierre Lefebure, cientista político da Universidade Sorbonne em Paris.

"Principalmente para o RN, que tem um eleitorado muito comprometido e empolgado com os cartazes eleitorais em que a foto de Marine Le Pen aparece um ano após as eleições presidenciais", completa.

Com apenas quatro anos de existência, a coalizão de Macron não conseguiu se estabelecer a nível local, mas pode ser decisiva em um segundo turno contra a ascensão da extrema-direita.

Há seis anos, a direita e o centro conquistaram sete regiões e os socialistas cinco. Desde então, essas grandes forças governamentais perderam força em nível nacional, mas contam com suas raízes locais para amenizar os danos.

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