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Aumentam as mortes de migrantes em passagens mais perigosas entre Chile e Bolívia

22/10/2021 19h06

Santiago, 22 Out 2021 (AFP) - Com a morte esta semana de uma mulher venezuelana e outra boliviana, o balanço de migrantes ilegais mortos tentando cruzar a fronteira entre a Bolívia e o Chile subiu para 19 - cinco só em outubro -, ao tentarem cruzar passagens clandestinas mais perigosas para alcançar seu objetivo.

O corpo da venezuelana Magaly González, de 64 anos, foi encontrado na noite de quinta-feira perto de uns 'bofedales' (sistema bioecológico andino) no setor de Pisiga Carpa por policiais e pessoal médico 1,5 km ao sul da cidade fronteiriça de Colchane, informou a prefeitura em um comunicado.

"Ao chegar ao local do ocorrido encontramos familiares. O filho nos diz que sua mãe tinha doenças de base como hipertensão e hipertiroidismo", informou Guillermo Tapia, médico do centro de emergência de Colchane.

Dois dias antes, os restos mortais de Rosa Beyuna (47), de nacionalidade boliviana, foram encontrados 1,6 km ao sul de Colchane. A mulher sentiu dores no corpo antes de perder a consciência e morreu na hora, segundo um boletim da polícia da região.

Com estas duas mortes aumentam para cinco as registradas no mês de outubro, que incluem uma menor de nove meses filha de pais venezuelanos que caiu no chão após sua mãe tropeçar em plena escuridão no Altiplano, e outras duas mulheres, uma venezuelana e outra haitiana.

"Até hoje foram contabilizados 17 migrantes ilegais mortos nesta comuna, mais dois na comuna vizinha de Huara" este ano, informou a nota da prefeitura de Colchane.

Os migrantes caminham pelo inóspito Altiplano, desafiando temperaturas extremas para cruzar por passagens clandestinas da Bolívia com a finalidade de chegar a Colchane, no lado chileno e a 3.650 metros de altitude.

O aumento das mortes em outubro se deveria "à dispersão geográfica" desta região, onde os migrantes encontram "passagens desabitadas cada vez mais distantes" e perigosas para tentar chegar ao Chile, considerou Yolanda Flores, diretora de saúde municipal de Colchane.

As autoridades de Colchane avaliam que desde meados deste ano a chegada de migrantes na comuna oscila entre 500 e 1.000 pessoas por dia. Essa passagem fronteiriça começou a ser usada pelos migrantes, sobretudo da Venezuela, desde o fim de 2019, e piorou em 2020 em um contexto de fronteiras fechadas pela pandemia.

O governo chileno instalou esta semana em Colchane um refúgio transitório com capacidade para 200 migrantes.

Mais de 23.000 migrantes, a maioria venezuelanos, entraram por passagens clandestinas no Chile até julho, quase 7.000 a mais do que os registrados durante todo o ano passado, segundo dados do Serviço Jesuíta de Migrantes (SJM).

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