BM alerta que exclusão de pessoas com deficiência prejudica desenvolvimento da América Latina
Washington, 2 dez 2021 (AFP) - O Banco Mundial pediu nesta quinta-feira (2) para melhorar a inclusão de pessoas com deficiência na América Latina e Caribe e alertou que, caso não seja feito, pode representar um prejuízo de até 7% do PIB de um país.
A exclusão das pessoas com deficiência não só é injusta como insustentável para o desenvolvimento, indicou o organismo ao apresentar um relatório que analisa a exclusão histórica que essa população enfrenta na região.
O relatório "Inclusão de Pessoas com Deficiência na América Latina e Caribe: Um Caminho para o Desenvolvimento Sustentável" apresenta dados "assustadores", segundo o BM.
Cerca de 85 milhões de pessoas da América Latina e Caribe vivem com algum tipo de deficiência, o que representa 14,7% da população regional.
Em uma de cada cinco famílias que vive em situação de extrema pobreza na região há uma pessoa com deficiência.
O analfabetismo é cinco vezes maior entre quem tem deficiência e 15% das crianças com deficiência não vão à escola.
Uma a cada duas pessoas com deficiência não participa do mercado de trabalho. E quem participa ganha entre 6% e 11% menos pelo mesmo emprego que outros trabalhadores. A taxa de informalidade também é 11% mais alta entre esse grupo.
As desvantagens aumentam se as pessoas com deficiência moram em áreas rurais e se quem chefia a família é negro, indígena ou mulher.
No Brasil, Costa Rica, Equador, México e Uruguai as pessoas com deficiência são, em média, 24% menos propensas a terminar a educação básica. Se pertencerem a alguma minoria etnoracial, esse número aumenta para 30%, segundo o relatório.
Além disso, seis em cada 10 mulheres chefes de família com um membro da família com deficiência estão desempregadas. O estudo aponta que o valor do trabalho de cuidados não remunerados oscila entre 16% e 25% do PIB.
O Banco Mundial também alerta sobre o aumento de pessoas com deficiência no futuro, já que América Latina e Caribe é uma das regiões do mundo que estão envelhecendo mais rápido: o número de pessoas com 60 anos ou mais deve crescer de 59 milhões para 196 milhões até 2050.
"Transitar para um futuro sustentável requer colocar a deficiência no centro dos debates de inclusão e desenvolvimento", enfatiza o relatório. Não fazer isso pode colocar em risco a sustentabilidade a longo prazo da recuperação da pandemia.
Segundo o Banco Mundial, isso significa enfrentar e eliminar estereótipos, empoderar as organizações de pessoas com deficiência e elaborar políticas que contemplem as condições específicas de cada país.
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