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Especialistas reunidos em Londres dizem que China é responsável por 'genocídio' de uigures

09/12/2021 11h02

Londres, 9 dez 2021 (AFP) - Após vários meses de investigação, um grupo de advogados e especialistas em direitos humanos reunidos em Londres afirmou nesta quinta-feira (9) em seu relatório final que o tratamento dado pela China à minoria muçulmana uigur equivale a um genocídio e crimes contra a Humanidade.

Os nove membros do "Tribunal Uigur", assim denominado apesar da ausência de qualquer autoridade judicial e denunciado por Pequim como uma "máquina de mentiras", ouviram numerosos testemunhos e examinaram provas fornecidas por investigadores independentes e associações sobre o tratamento infligido pelo Estado chinês a esta comunidade.

Em seu relatório de 63 páginas, os especialistas dizem que não há nenhuma evidência de um massacre de uigures, mas que "elementos de um genocídio intencional", conforme definido pela Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de genocídio da ONU, foram "estabelecidos".

"A República Popular da China (RPC) cometeu um genocídio ao impor medidas de prevenção ao nascimento destinadas a destruir uma parte significativa dos uigures em Xinjiang", apontam os especialistas, afirmando que o presidente chinês Xi Jinping e outros executivos do alto escalão "são os principais responsáveis".

Segundo eles, as práticas de ablação do útero, os abortos e inserções forçadas de DIUs em mulheres uigures pelo Estado chinês "resultarão em um número de nascimentos significativamente menor do que poderia ter sido nos próximos anos" e uma "destruição parcial dos uigures".

Os nove especialistas também consideraram a China responsável, "além de qualquer dúvida razoável", por "crimes contra a Humanidade", citando "prisões, atos de tortura, estupros, violência sexual, esterilizações forçadas e outros atos desumanos".

De acordo com organizações de direitos humanos, pelo menos um milhão de uigures e pessoas de outras minorias de língua turca, principalmente muçulmanos, estão detidos em campos em Xinjiang. A China é acusada de esterilizar mulheres à força e impor trabalhos forçados.

Pequim contesta e afirma que se tratam de centros de formação vocacional com o objetivo de distanciá-los do terrorismo e do separatismo, após inúmeros ataques mortais contra civis por uigures.

Se os Estados Unidos já denunciaram que o tratamento dado aos uigures se enquadra na definição de "genocídio", os nove especialistas reunidos em Londres acreditam que seu relatório constitui "a primeira demonstração pública baseada em evidências" de tal prática.

O "Tribunal Uigur" não é afiliado a nenhum governo e a China se recusou a participar.

Pequim, por outro lado, aplicou sanções contra a organização e seu presidente Geoffrey Nice.

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