Ex-chefe de Inteligência do Cazaquistão é preso por alta traição
O ex-chefe da agência de Inteligência do Cazaquistão foi detido por suspeitas de alta traição, informou este órgão neste sábado (8), depois de ter sido destituído em meio aos recentes protestos nesta ex-república soviética.
Após quase uma semana de crise neste país da Ásia central, o Kremlin informou neste sábado que o presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo cazaque Kassym Jomart Tokayev tiveram uma "longa" conversa telefônica após esses distúrbios sem precedentes.
A prisão de Karim Masimov, que é ex-primeiro-ministro e foi durante muito tempo aliado do ex-presidente e fundador do país Nursultán Nazarbáyev, é a primeira consequência do silenciamento em meio à crise neste país, a mais grave em vários anos.
Um porta-voz de Nazarbáyev negou rumores de que o ex-presidente tenha fugido do Cazaquistão e fez um apelo para "não espalhar informações falsas e especulativas".
Nazarbáyev pediu a "todos os cidadãos para se unirem em volta do presidente do Cazaquistão para permitir que supere esta crise e garanta a integridade do país", informou seu porta-voz Aidos Ukibay, no Twitter.
O maior país da Ásia central foi palco de protestos que começaram no último domingo nas províncias, após um aumento do preço do gás, e se espalharam para outras cidades, principalmente para a capital econômica Almaty, onde as manifestações se transformaram em distúrbios violentos.
Um contingente de tropas russas e outros países aliados chegou na quinta-feira nesta ex-república soviética para apoiar o governo e proteger os prédios oficiais, junto às forças de segurança locais.
Os presidentes Putin e Tokayev "trocaram opiniões sobre as medidas para restaurar a ordem no Cazaquistão", disse o Kremlin neste sábado sobre a conversa dos presidentes, acrescentando que ambos decidiram manter contato "permanente".
Alta traição
Pouco antes, o Comitê de Segurança Nacional (KNB) anunciou em um comunicado que seu líder anterior, Karim Masimov, foi detido na quinta-feira após o início de uma investigação por crimes de alta traição.
"Em 6 de janeiro deste ano, o Comitê de Segurança Nacional iniciou uma investigação prejudicial por alta traição", afirmou o comunicado.
"No mesmo dia, sob suspeita de cometer este crime, o ex-diretor do KNB, K.K. Masimov, foi preso e colocado em um centro de detenção temporária, junto a outros", acrescentou.
Masimov foi demitido de seu cargo como chefe do KNB esta semana depois que manifestantes invadiram prédios governamentais de Almaty.
As autoridades do país afirmaram na sexta-feira que a situação estava sob controle, mas o presidente Tokayev disse no mesmo dia que autorizava a polícia a atirar sem aviso prévio e descartou negociar com os manifestantes.
Neste sábado, um correspondente da AFP em Almaty informou que a situação era de uma calmaria tensa, com tiros de advertência das forças de segurança contra quem se aproximava da praça central da cidade.
4.000 detidos
O presidente Tokayev prometeu "eliminar" os "bandidos" que provocaram esses distúrbios que, segundo ele, são "20.000" e tinham "um plano claro".
Segundo o ministério do Interior, 26 "criminosos armados" morreram. Por sua vez, as forças de segurança reportaram 18 mortos e 748 feridos entre seus efetivos.
Mais de 4.000 pessoas foram detidas, incluindo estrangeiros, segundo o ministério.
Neste sábado o gabinete do presidente Tokayev informou que na segunda-feira será declarado dia nacional de luto.
Não havia sinais de novos confrontos neste sábado pela manhã, mas ouvia-se tiros de vez em quando, segundo testemunhas.
O aposentado Leonid Kiselyev, de 68 anos, afirmou que seu carro foi atingido por um tiro quando dirigia por volta das 08h30 perto de um prédio municipal.
"Ontem foi um dia tranquilo, mas isso aconteceu", lamentou Kiselyev ainda assustado, enquanto aguardava chegada de combustível em um posto de gasolina.
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