Impunidade em caso de violência de gênero gera revolta na China
Pequim, 25 Jan 2022 (AFP) - A punição irrisória aplicada a um homem na China gravado agredindo sua esposa e o fato de a polícia ter culpado, em parte, a vítima causaram indignação sobre como estes casos são tratados pelas autoridades.
Os fatos ocorreram na semana passada durante o confinamento pelo coronavírus na cidade de Xi'an, no norte. Um homem foi gravado pelas câmeras de segurança de sua casa batendo repetidamente em sua mulher, na frente do filho.
A polícia anunciou que o homem permaneceria sob custódia por cinco dias e depois seria solto, reacendendo o debate sobre o ineficaz e precário sistema de criminalização da violência de gênero na China.
A revolta aumentou depois de um comunicado da polícia, informando que a briga aconteceu pelas "palavras e ações extremas" da mulher e que, desde então, ela já havia sido "criticada e educada".
"Os abusadores domésticos são punidos apenas com cinco dias de detenção, e depois se perguntam por que as mulheres chinesas não querem se casar, ou ter filhos", dizia um comentário publicado no Weibo, o "Twitter chinês".
"Não serve para nada confiar na lei para obter proteção contra violência doméstica quando tudo que eles fazem é criticar a vítima", comentou outro usuário.
O ataque causou "lesões nos tecidos moles" da mulher, disse a polícia sem dar mais detalhes.
Aprovada em 2016, a lei de violência doméstica da China pune os agressores com, no máximo, 20 dias de detenção. Penas maiores estão previstas apenas se houver lesões graves, e o dolo ficar comprovado.
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