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Assassino neonazista norueguês Breivik permanecerá na prisão

01/02/2022 14h07

Oslo, 1 Fev 2022 (AFP) - A justiça norueguesa rejeitou o pedido de liberdade condicional de Anders Behring Breivik nesta terça-feira(1), dez anos depois que o neonazista assassinou 77 pessoas no pior massacre cometido no país nórdico.

"Existe um risco óbvio de que ele retome o comportamento que levou aos ataques terroristas de 22 de julho", disse o tribunal distrital de Telemark, rejeitando o pedido de libertação de Breivik.

Breivik nunca demonstrou remorso depois de cometer o crime mais sangrento que já ocorreu na Noruega em tempos de paz.

Em 22 de julho de 2011, o extremista explodiu uma bomba perto da sede do governo em Oslo, matando oito pessoas. Em seguida, matou outras 69, a maioria adolescentes, atirando contra elas em um acampamento de verão da Juventude Trabalhista na ilha de Utoya.

Esta semana, Breivik garantiu que renunciou à violência e que mantinha sua ideologia neonazista, mas por meios pacíficos.

O extremista de direita, hoje com 42 anos, foi condenado em 2012 a 21 anos de prisão, pena máxima, que pode ser prorrogada enquanto continuar sendo considerado uma ameaça à sociedade.

O veredicto apresentava um prazo mínimo de dez anos, após o qual ele poderia solicitar a liberdade condicional.

A audiência foi realizada, por razões de segurança, no ginásio da prisão de Skien (sul), onde esteve detido de 18 a 20 de janeiro.

- Crime mais violento desde a II Guerra -"Como em todo Estado de Direito, um condenado tem o direito de pedir sua liberdade condicional e Breivi decidiu usar esse direito", declarou seu advogado Oystein Storrvik, à AFP.

Embora sua petição parecesse condenada desde o início, Breivik tentou desviar os procedimentos para divulgar sua propaganda ideológica, explorando a atenção do público e da mídia.

Em um país que nunca havia visto um crime tão violento desde a Segunda Guerra Mundial, o pedido de liberdade condional não tinha nenhuma chance de sucesso, segundo os especialistas.

Em 2016, em um processo contra o Estado pelo seu isolamento carcerário, Breivik se atreveu a se comparar com Nelson Mandela, que em sua luta contra o apartheid na África do Sul migrou da luta armada para o combate político.

Mas o extremista, que matou a maioria das vítimas com uma bala na cabeça, nunca expressou arrependimento credível.

Em cada novo processo, marcado pelo comportamento cínico de Breivik, rasga de dor o coração dos familiares e amigos das vítimas. Antes do início da audiência, o grupo de apoio às famílias pediu a elas que dessem "pouca atenção ao terrorista e seu discurso".

Os ataques de 2011 inspiraram outros atentados, entre eles o de Christchurch na Nova Zelândia em 2019, e projetos de atentados no mundo.

Apesar do caráter excepcional de seus crimes, a Noruega se esforça e trata Breivik como qualquer outro detido.

Em 2016, Breivik - que tem três celas na prisão, uma TV com leitor DVD e console de jogos e uma máquina de escrever - conseguiu condenar o Estado por tratamento "desumano" e "degradante", devido ao fato de ficar separado dos outros detidos.

Essa condenação, porém, foi invalidada em apelação.

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