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Ketanji Brown Jackson, a magistrada que foi defensora pública nos Estados Unidos

25/02/2022 14h23

Washington, 25 Fev 2022 (AFP) - A juíza Ketanji Brown Jackson, indicada por Joe Biden para a Suprema Corte dos Estados Unidos, reconhece que sua trajetória é "ligeiramente diferente" da de seus colegas, e não apenas por ser negra, mas ter defendido, por um tempo, réus sem recursos.

Se confirmada pelo Senado, esta brilhante jurista de 51 anos se tornará a primeira juíza afro-americana da instituição, onde apenas dois homens negros serviram até agora.

Mas ela também será uma das poucas a ter experiência profissional no sistema penal.

A maioria dos juízes desse nível se destacou como promotores, mas ela defendeu réus por dois anos como defensora pública em Washington.

O desconhecimento da lei a "impactou" e, assim que se tornou juíza, se esforçou para explicar suas decisões aos condenados.

As consequências do sistema judicial são familiares para ela: um de seus tios foi condenado à prisão perpétua, em 1989, sob uma lei muito repressiva que automaticamente estabelecia esta sentença após três crimes contra as leis de entorpecentes.

Embora não tenha um relacionamento próximo com ele, "essa experiência familiar a conscientizou sobre o impacto da lei na vida das pessoas", disse um amigo seu, sob condição de anonimato, ao Washington Post.

Ketanji Brown Jackson teve uma infância muito estável em uma família de professores na Flórida. Seu pai retomou seus estudos de direito e tornou-se advogado em um conselho escolar, enquanto sua mãe ascendeu ao posto de diretora.

Durante seus estudos do ensino médio, ganhou concursos de eloquência e mais tarde estudou na prestigiosa Universidade de Harvard, onde se formou com excelentes notas.

Em seguida, alternou experiências profissionais nos setores público e privado.

Brown Jackson trabalhou para o juiz progressista da Suprema Corte Stephen Breyer, a quem agora substituirá. E atuou em escritórios de advocacia, mas também na Comissão de Penalidades, uma agência independente encarregada de harmonizar a política criminal nos Estados Unidos.

- "Não são reis" -Em 2013, o presidente democrata Barack Obama a nomeou juíza federal em Washington.

Ela é casada com um cirurgião, com quem tem duas filhas. Pelo casamento, é relacionada com o ex-presidente da Câmara Republicana Paul Ryan, que elogia sua "inteligência, personalidade e integridade".

Durante oito anos, tomou dezenas de decisões. Ela contradisse, por exemplo, Donald Trump, que tentava impedir o Congresso de convocar um de seus assessores, escrevendo: "A principal lição de 250 anos de história americana é que presidentes não são reis".

Assim que chegou à Casa Branca, Joe Biden a nomeou membro do influente Tribunal Federal de Apelações de Washington, considerado um trampolim para a Suprema Corte.

Apesar das profundas divisões políticas no Senado, foi confirmada com o apoio de todos os democratas e três republicanos. A uma pergunta de um senador, jurou que sempre deixa de lado "suas opiniões pessoais e quaisquer outras considerações inapropriadas", como a cor de sua pele, ao examinar os dossiês. Mas "talvez tenha uma experiência de vida diferente da dos meus colegas", reconhece. "E eu espero que possa ser interessante."

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