Rússia pede 'direitos iguais' para as partes sobre programa nuclear iraniano
Um acordo sobre o programa nuclear do Irã deve garantir direitos iguais a todas as partes, incluindo a Rússia, submetida a sanções ocidentais após a invasão à Ucrânia, ressaltou o governo russo nesta segunda-feira (7), o que pode atrasar o fim das negociações.
O Irã havia dito hoje que esperava que a Rússia comunicasse "detalhes" de suas novas exigências em relação aos Estados Unidos. Quando eram feitas declarações otimistas sobre um acordo iminente nas negociações de Viena, a Rússia exigiu no último sábado dos Estados Unidos uma garantia de que as sanções não afetariam a sua cooperação com o Irã.
Fechado por Irã, Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, o acordo de 2015 busca impedir que o Irã se dote da bomba atômica, o que o país sempre negou buscar. O principal negociador do Irã, Ali Bagheri, retornará a Teerã na noite desta segunda-feira para "consultas", informou a agência de notícias iraniana Irna.
Nos últimos dias, proliferaram declarações otimistas sobre a possibilidade de um acordo iminente nas negociações em Viena. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Saeed Khatibzadeh, havia afirmado que Teerã "está a par das declarações feitas a esse respeito pelo chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, à mídia", e que o governo iraniano "espera ter os detalhes por meio de canais diplomáticos".
O acordo está enfraquecido desde 2018, quando Washington decidiu se dissociar unilateralmente e reimpor sanções contra a República Islâmica. Em resposta, o Irã parou de honrar seus compromissos acordados. Com as negociações em Viena, o objetivo é que Washington volte a aderir ao acordo e que o Irã volte a cumprir seus compromissos.
A Rússia desempenha um papel central na implementação do acordo de 2015, especialmente o excedente de urânio enriquecido de Teerã.
De acordo com um relatório da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), as reservas iranianas de urânio enriquecido excedem o limite autorizado pelo acordo de 2015 em mais de 15 vezes.
Direitos iguais
O processo para restabelecer o acordo "deve garantir que todos os seus participantes tenham direitos iguais no que diz respeito ao desenvolvimento livre de sua cooperação em todos os campos, sem qualquer discriminação", aponta um comunicado da embaixada russa em Teerã, após uma conversa telefônica ocorrida hoje entre os chefes da diplomacia iraniana, Hossein Amir-Abdollahian, e russa, Serguei Lavrov.
"Sublinhando sua oposição à guerra e à aplicação de sanções, Amir Abdollahian afirmou ser evidente que a atmosfera das sanções não devia afetar a cooperação do Irã com os outros países, incluindo a Rússia", indicou o Ministério das Relações Exteriores iraniano.
"É importante que a cooperação pacífica do Irã com outros países, incluindo a Rússia, não esteja sujeita a sanções, especialmente se forem sanções impostas por um país e não pelas Nações Unidas", acrescentou Khatibzadeh. "Até agora, a Rússia teve uma abordagem construtiva para chegar a um acordo coletivo em Viena", enfatizou.
No domingo (6), os Estados Unidos consideraram as novas exigências de Moscou "irrelevantes" e argumentaram que as sanções impostas à Rússia desde a invasão da Ucrânia "não têm nada a ver" com o dossiê do programa nuclear iraniano.
O chefe da diplomacia iraniana alertou nesta segunda-feira que seu país não permitirá que "nenhum fator externo afete seus interesses nacionais no curso das negociações de Viena", mas não deu mais detalhes.
Os próximos dias são vistos como decisivos para os ocidentais, pois eles acreditam que, de acordo com o atual ritmo dos progressos nucleares do Irã, o acordo logo ficará desatualizado.
No entanto, nesta segunda-feira, o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Shamkhani, acusou Washington de atrasar a conclusão de um acordo em Viena, e instou-o a adotar "uma decisão política" para alcançá-lo.
"A perspectiva de um acordo em Viena permanece incerta, devido ao atraso de Washington em tomar uma decisão política", escreveu ele no Twitter.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.