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Forças pró-governo e rebeldes definem trégua de dois meses no Iêmen

01/04/2022 19h57

Dubai, 1 Abr 2022 (AFP) - As forças pró-governamentais e os rebeldes houthis, em guerra desde 2014, decidiram promover uma trégua de dois meses no Iêmen, que começará no sábado e poderá ser prolongada, anunciaram as Nações Unidas nesta sexta-feira (1º).

Há sete anos as forças pró-governamentais recebem o apoio de uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, enquanto os rebeldes houthis contam com o respaldo do Irã.

"Os beligerantes responderam positivamente à proposta da ONU de uma trégua de dois meses que entrará em vigor amanhã (sábado) 2 de abril às 19h00", disse em um comunicado o enviado da ONU para o Iêmen, Hans Grundberg, acrescentando que poderia "ser renovada com o consentimento das partes".

Pouco depois do anúncio, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, celebrou a trégua e disse esperar que ela permita iniciar um processo político "de paz duradouro no país".

A trégua "demonstra que mesmo quando as coisas parecem impossíveis, quando há vontade de compromisso, a paz se torna possível", declarou a jornalistas.

Mais tarde, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, saudou também a trégua, ainda que tenha a considerado insuficiente.

"São passos importantes, mas não suficientes. O cessar-fogo precisa ser cumprido e, como disse antes, é imperativo que terminemos essa guerra", afirmou em um comunicado.

O anúncio da trégua, que entrará em vigor no primeiro dia do mês sagrado do Ramadã, chega após a realização na quarta-feira, em Riade, de conversas sem a presença dos rebeldes, que rejeitam qualquer diálogo em território "inimigo".

"As partes concordaram em deter todas as ofensivas militares por ar, terra e mar no Iêmen e além", afirmou Grundberg.

O Iêmen, o país mais pobre da península arábica, vive uma guerra devastadora desde 2014 que deixou centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, o que a ONU classifica como a pior crise humanitária do mundo.

- "Boa fé" -Segundo o enviado da ONU, as partes também concordaram em autorizar a entrada de navios petroleiros nos portos da província de Hodeida e os voos comerciais de e para o aeroporto de Sanaa, a capital.

Atualmente, apenas os voos das Nações Unidas podem transitar pelo aeroporto de Sanaa, controlado pelos houthis. A coalizão, por sua vez, controla o espaço aéreo e marítmo do país.

Grundberg, que agradeceu aos beligerantes por ter negociado "de boa fé", acrescentou que haviam acordado uma reunião "sob seus auspícios para abrir estradas em Taiz e outras partes do Iêmen".

"O propósito desta trégua é dar aos iemenitas o tão necessário fim desta violência, a assistência humanitária e a esperança de que este conflito possa terminar, que é o mais importante", disse.

Na terça-feira, a coalizão liderada pela Arábia Saudita anunciou um cessar-fogo no Iêmen. No sábado, os houthis anunciaram três dias de trégua que podem se estender sob certas condições, após realizar 16 ataques contra o reino na sexta-feira.

Nos vários fronts do Iêmen, ambas as partes respeitaram o cessar-fogo, de acordo com testemunhas presentes no local.

Os rebeldes tomaram o controle da maior parte do norte do país e, após sete anos de intervenção, a coalizão militar não conseguiu retirar os houthis dessa área.

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