Topo

Esse conteúdo é antigo

Quase 100 civis retirados de siderúrgica na cidade ucraniana de Mariupol

26.abr.2022 - Fumaça na região da usina de Azovstal, em Mariupol, na Ucrânia - Reprodução/Telegram/mariupolrada
26.abr.2022 - Fumaça na região da usina de Azovstal, em Mariupol, na Ucrânia Imagem: Reprodução/Telegram/mariupolrada

01/05/2022 18h17

Kiev, Ucrânia, 1 Mai 2022 (AFP) - Quase 100 civis foram retirados do complexo siderúrgico de Azovstal, reduto das últimas forças ucranianas na cidade de Mariupol, anunciou neste domingo o presidente Volodimir Zelensky.

O anúncio aconteceu depois que a ONU confirmou que uma "operação de retirada estava em curso" em Azovstal, em coordenação com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), as tropas russas e as forças ucranianas.

A área industrial de Azovstal é o último reduto de resistência ucraniana na cidade portuária de Mariupol, sul do país, que é controlada pela Rússia.

As condições de vida na rede de túneis sob a siderúrgica, onde analistas acreditam que centenas de civis permanecem ao lado de combatentes ucranianos, foram descritas como brutais. Os esforços anteriores para a retirada de civis haviam fracassado.

"Começou a retirada de civis de Azovstal. O primeiro grupo de quase 100 civis já está a caminho de uma área controlada. Amanhã nos reuniremos com eles em Zaporizhzhia", escreveu Zelensky em sua conta no Twitter.

O ministério russo da Defesa afirmou que 80 civis deixaram a área industrial e foram levados para os territórios do leste controlados por Moscou.

O ministério da Defesa divulgou um vídeo da operação que mostra civis chegando de ônibus à cidade de Bezimenne, entre a fronteira russa e Mariupol, onde foram recebidos por enviados da ONU e do CICV sob vigilância de soldados russos.

Não está claro de onde vem a diferença de evacuados entre uma fonte e outra, mas o Ministério da Defesa russo já anunciou no sábado que cerca de 50 civis deixaram Azovstal.

- Bombardeio "bárbaro" -O destino dos civis desta cidade estratégica concentra as atenções dos líderes mundiais.

Neste domingo, o papa reiterou seu pedido para que corredores humanitários seguros sejam abertos durante a oração do Angelus na Praça de São Pedro, no Vaticano.

"Meus pensamentos estão com a cidade ucraniana de Mariupol, cidade de Maria, bombardeada e destruída de forma bárbara. Eu reitero meu pedido de abertura de corredores humanitários seguros", declarou o papa Francisco.

Azaram para entregar ajuda bélica à Ucrânia e adotaram duras sanções contra a Rússia.

"Não se deixem intimidar por 'bullies'", afirmou a presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, em uma entrevista na Polônia depois de visitar a Ucrânia no sábado, onde se encontrou com o presidente Zelensky.

Pelosi - que ocupa o terceiro cargo de representação mais importante dos Estados Unidos, depois do presidente e da vice-presidente - expressou a solidariedade "inequívoca" de seu país com a Ucrânia.

"O governo dos Estados Unidos é um líder no sólido apoio à Ucrânia na luta contra a agressão russa", tuitou o presidente ucraniano em uma mensagem que inclui um vídeo que o mostra no momento em que recebeu Pelosi e a delegação do Congresso na entrada da sede da presidência em Kiev.

Zelensky celebrou os "sinais muito importantes" apresentados pelos Estados Unidos e o presidente Joe Biden, que pediu na quinta-feira ao Congresso 33 bilhões de dólares adicionais para a Ucrânia, dos quais US$ 20 bilhões serão destinados a armamento, quase sete vezes mais do que a quantidade de armas e munições já fornecidas à Ucrânia desde o início da invasão russa.

Neste sentido, Pelosi prometeu que vai trabalhar para a aprovação da proposta de Biden.

- "Situação difícil no leste" -O conflito está concentrado no leste e no sul da Ucrânia, embora os bombardeios russos continuem em todo o país, principalmente com o objetivo de destruir infraestruturas e vias de abastecimento.

Para os russos a conquista total da cidade portuária de Mariupol permitiria unir os territórios conquistados no sul, em particular a península da Crimeia, anexada em 2014, com as repúblicas separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk ao leste.

E é justamente no flanco leste que o exército russo, numericamente superior ao adversário ucraniano e com melhores equipamentos de artilharia, busca o controle, do norte e do sul, para completar seu domínio sobre o Donbass.

Um comandante militar ucraniano relatou ao chefe do Estado-Maior conjunto dos Estados Unidos, Mark Milley, sobre a "situação difícil no leste, particularmente nas áreas de Izium e Sieverodonetsk, onde o inimigo concentrou esforços máximos".

Kharkiv foi cenário de muitos bombardeios no sábado. Os bombardeios russos neste domingo em áreas de Kharkov e Donetsk deixaram oito civis mortos, quatro deles na cidade de Lyman, perto da frente e ameaçados pelo avanço russo, anunciaram os governos regionais.

Mas as forças ucranianas também reconquistaram territórios nos últimos dias, em particular ao redor da cidade de Kharkiv.

Uma das áreas recuperadas foi o vilarejo de Ruska Lozova, que de acordo com os moradores permaneceu sob ocupação por dois meses.

"Ficamos na adega sem comida por dois meses, comemos o que tínhamos", disse um morador de 40 anos à AFP.

- Introdução do rublo -O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que a operação militar está ocorrendo conforme planejado pela Rússia e alertou os países ocidentais para que parem de enviar ajuda militar à Ucrânia.

Nas áreas controladas pela Rússia, Moscou busca estabelecer o domínio e neste domingo introduziu o rublo como moeda na região de Kherson, embora também permita o pagamento com a moeda ucraniana.

"A partir de 1º de maio, vamos integrar a zona do rublo", disse Kirill Stremousov, que governa Kherson, segundo a agência estatal russa RIA Novosti.

Ele anunciou um um período de quatro meses durante o qual a moeda ucraniana poderá ser utilizada, mas depois disso acontecerá uma mudança completa para o rublo.

Enquanto isso, nas linhas de frente, os militares ucranianos lutam contra a fadiga e para manter suas posições na linha de frente.

"Todo mundo entende que temos que manter a linha aqui, não podemos deixar o inimigo se aproximar", disse à AFP o tenente Yevguen Samoilov durante uma operação para permitir que suas tropas descansassem após dois meses de combates.

"Tentamos resistir com todas as novas forças", concluiu.

bur-ybl/roc/sba/thm/mis/zm/am