Topo

Esse conteúdo é antigo

Ucranianos prestam homenagem aos combatentes de Azovstal

18/05/2022 16h10

Kiev, Ucrânia, 18 Mai 2022 (AFP) - Os moradores de Kiev saudavam nesta quarta-feira (18) a coragem demonstrada pelos combatentes ucranianos na siderúrgica Azovstal, em Mariupol, no enfrentamento às tropas russas, mas temem que agora estejam presos.

Após várias semanas de sítio e bombardeios intensos, centenas de soldados que resistiam no gigantesco complexo siderúrgico, a maioria membros do batalhão de Azov, se renderam esta semana e foram levados para territórios ucranianos controlados pelas forças russas e pró-russas.

A Ucrânia assegura que serão trocados por prisioneiros de guerra russos sem que tenha havido confirmação de Moscou que, em várias ocasiões, disse não considerar parte deles soldados, mas combatentes "neonazistas".

"Não imagino como fizeram. Para mim, tem gente normal e depois gente como eles", afirma à AFP Maxime Maliovani, decorador de 23 anos que mora na capital ucraniana e destaca sua coragem e resistência.

Andri, de 37 anos, acredita, por sua vez, que os defensores de Mariupol foram "super-homens".

"Era uma fortaleza" defendida por "pessoas que conseguiram coisas impossíveis", acrescenta, referindo-se à Azovstal, onde estavam entrincheirados, ao mesmo tempo em que chamou outros países a pressionarem para que estes soldados sejam entregues à Ucrânia.

"Não há outra solução. Suas vidas devem ser salvas. Alguns estão feridos, é a única opção", avalia Bohdan, de 46 anos.

- "Para sempre na História" -Nesta quarta, o ministério russo da Defesa afirmou que 959 militares no total se renderam esta semana, dos quais 80 feridos, que são atendidos em um hospital situado nos territórios controlados pela Rússia.

As autoridades ucranianas afirmaram mais cedo que mais de mil soldados estavam na siderúrgica e ignora-se quantos ainda estejam lá e se querem se render.

Denis Pouchiline, chefe dos separatistas pró-russos, declarou nesta quarta-feira que cerca de mil permaneciam ali.

Vídeos e fotos divulgados esta semana mostravam muitos combatentes saindo da siderúrgica, a maioria com os rostos abatidos e barbados, esgotados, alguns levados em macas improvisadas.

Para os moradores de Kiev, é difícil acreditar que serão tratados de forma humana enquanto estiverem cativos.

"Ontem escutei na televisão russa (...) que poderiam matá-los porque acham que são nazistas. Sinto medo", diz Oleksandre Guerassymenko, estudante de 23 anos.

Ao anunciar sua saída da Azovstal, o estado-maior ucraniano afirmou na segunda-feira que "cumpriram seu dever" e o objetivo principal agora é "salvar a vida" destes homens e mulheres.

Ao resistirem na siderúrgica, os defensores de Mariupol imobilizaram milhares de militares russos que não puderam ser enviados a outras partes, e por isso impediram a queda de Zaporizhzhia (220 km a noroeste), segundo um comunicado.

Por isso estão "para sempre na História", acrescentou.

bur-tbm/rbj/bds/eg/mb/mvv