Topo

Congresso do Partido Comunista da China começará em 16 de outubro

30/08/2022 08h00

O congresso quinquenal do Partido Comunista da China foi convocado para 16 de outubro, anunciou nesta terça-feira (30) o canal estatal CCTV, para uma reunião decisiva na qual o presidente Xi Jinping deve obter um terceiro mandato como líder do partido e, portanto, do país.

Será o 20º congresso desde a fundação do Partido Comunista da China em 1921. 

No congresso anterior, de 2017, Xi Jinping registrou sua "linha de pensamento" sobre "o socialismo com particularidades chinesas" nos documentos fundacionais do partido.

O registro coloca Xi, secretário-geral do PCC desde 2012, no pódio dos fundadores do regime, ao lado de Mao Tsé-Tung (1893-1976) e Deng Xiaoping (1904-1997).

Alguns meses depois, a Constituição foi alterada para eliminar o limite de dois mandatos presidenciais. Em tese, Xi Jinping pode presidir a República Popular da China por toda a vida.

Segundo uma tradição não escrita, alguns dos atuais membros deste órgão estão chegando à idade em que devem se aposentar.

O congresso de outubro deve concretizar uma reforma considerável do Comitê Permanente do Escritório Político, o todo-poderoso órgão de sete membros que tem o verdadeiro poder na China.

Com 2.300 delegados, a assembleia geral do Partido Comunista acontecerá em "um momento crítico, no qual todo o partido e todos os grupos étnicos do país começam uma nova jornada para construir um país socialista moderno", afirmou a CCTV. 

Mesmo que o regime queira transparecer uma imagem de unidade, nos bastidores há muitas rivalidades e o presidente continua tratando de consolidar seu poder, apontam os analistas. 

- Desafios -

Desde que Xi Jinping se tornou o homem forte da segunda economia mundial em 2012, mais de 1,5 milhão de funcionários foram sancionados em uma campanha maciça contra a corrupção, segundo dados oficiais.

Os observadores apontam que essa campanha serviu para Xi se livrar de opositores dentro do PCC.

O Partido continua apoiando sua legitimidade na melhora do poder aquisitivo da população, mas o Congresso de outubro chega em um contexto de forte desaceleração econômica, com um grande aumento do desemprego (de quase 20%) entre os jovens de 16 a 24 anos.  

A política "zero covid", defendida com unhas e dentes por Xi, é também cada vez mais criticada pela opinião pública e especialmente pelos círculos empresariais, alarmados pelas ameaças de confinamentos e paralisação da atividade econômica.

As autoridades estão impondo confinamentos localizados, exigindo testes PCR cada 72 ou 48 horas e, em alguns lugares, quarentena aos viajantes de regiões confinadas que se deslocarem a outras cidades. 

No nível internacional, os pontos de discórdia entre a China de Xi Jinping e seu grande rival, Estados Unidos, se multiplicaram: o comércio e a tecnologia, o tratamento da minoria uigur em Xinjiang, a repressão em Hong Kong e as tensões relacionadas a Taiwan. 

No início de agosto, a China realizou manobras militares de capacidade inédita nos arredores da ilha, a qual Pequim deseja soberania. 

Os exercícios enviaram uma mensagem de força a Washington após a visita a Taiwan de Nancy Pelosi --presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos e terceira figura mais importante da administração do país--, considerada por Pequim como uma provocação.

lxc-sbr/fio/meb/zm/fp

© Agence France-Presse