Operador de criptomoedas deu até aliança da ex para pagar delator do PCC
Uma aliança da ex-mulher de um operador de criptomoedas estava entre as 29 peças de joias transportadas de Maceió para São Paulo pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) assassinado dia 8 no aeroporto internacional de Guarulhos.
O operador de criptomoedas devia R$ 6 milhões para Gritzbach, seu desafeto, e quando soube que ele havia desembarcado no aeroporto da capital alagoana, se prontificou em entregar as joias ao credor como parte do pagamento.
Todas as peças, inclusive a aliança, estavam na caixa entregue à polícia pela namorada de Gritzbach, Maria Helena Paiva Antunes, 29, após o assassinato. Maria Helena acompanhou o empresário na viagem a Alagoas e foi ouvida no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) horas depois do crime. Após a entrega, a caixa foi apreendida e lacrada.
Antes, no entanto, os agentes do DHPP contaram peça por peça e não demoraram muito tempo para constatar que entre elas estava a aliança da ex mulher do operador de criptomoedas. Segundo a Polícia Civil, ela é uma influenciadora digital.
Em Alagoas, o motorista Danilo Lima Silva, 35, e o soldado Samuel Tillvitz da Luz, 29, um dos cinco policiais militares da escolta de Gritzbach, foram até um quiosque em uma badalada praia de Alagoas. Ali, receberam as joias das mãos de um homem, identificado apenas como Alan.
A revelação foi feita à Polícia Civil de São Paulo por Danilo, em depoimento prestado na quarta-feira (13) ao delegado Severino Pereira de Vasconcelos e à escrivã Nalu Campos Zeidan, do DHPP.
Segundo Danilo, o empresário afirmou que o devedor o reconheceu no aeroporto de Maceió e como tinha a dívida de R$ 6 milhões, ficou de entregar as joias para quitar parte do débito. As peças foram avaliadas em ao menos R$ 1 milhão.
Gritzbach então teria dito que Alan trajava uma camisa do clube espanhol Barcelona e portava uma sacola preta. Em seguida, Alan foi ao encontro dele e fez a entrega das joias. Danilo afirmou que o soldado Samuel o acompanhou em todos os momentos.
O motorista contou ainda no DHPP que, após receber as joias, foi para o carro, entrou no veículo e pediu para Samuel aguardar do lado de fora. Ele então fotografou as joias, mandou a foto para o empresário conferir e foi autorizado a retornar à pousada onde estavam hospedados.
O tal Alan, cujo nome não se sabe se é verdadeiro, foi descrito por pessoas próximas a Gritzbach como um homem forte, moreno claro, de cabelos lisos, com 1,78 m de altura e aparentando entre 35 a 38 anos. A polícia alagoana tenta identificá-lo.
Monitorado em São Paulo
Já a Polícia Civil de São Paulo chegou a monitorar por alguns meses o operador de criptomoedas. Chegou até a pedir a prisão dele, quando investigava o assassinato do narcotraficante Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta.
Anselmo tinha muita influência no PCC e foi assassinado a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste paulista, junto com seu motorista Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. Gritzbach foi processado como o mandante do duplo assassinato.
O empresário foi acusado de mandar matar Anselmo porque teria investido ao menos R$ 100 milhões do narcotraficante e não devolveu o dinheiro. Gritzbach sempre negou envolvimento nas mortes e indicou como mandante justamente o operador de criptomoedas que lhe devia R$ 6 milhões.
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