Confrontos entre Armênia e Azerbaijão deixam ao menos cem mortos
Pelo menos 100 soldados do Azerbaijão e da Armênia morreram nos confrontos mais violentos entre os países rivais desde a guerra de 2020, que levaram a comunidade internacional a pedir "prudência" e uma solução pacífica para o conflito.
"Cinquenta militares do Azerbaijão morreram após uma provocação armênia de longo alcance" na fronteira entre os dois países, disse o Ministério da Defesa em comunicado divulgado nesta terça-feira (13).
Por sua parte, o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, anunciou perante o Parlamento que "no momento temos 49 (militares) mortos e, infelizmente, não é o número definitivo".
Ambos os países acusam-se mutuamente de iniciar as hostilidades.
Os novos combates, que explodiram na segunda-feira à noite, demonstram como a situação é volátil e ameaçam acabar com o frágil processo de paz mediado pela União Europeia.
O Azerbaijão acusou seu rival de violar "intensamente" o cessar-fogo anunciado pela Rússia, que entrou em vigor às 06h00 GMT (03h00 no horário de Brasília).
Um pouco antes, o Azerbaijão havia afirmado que cumpriu "todos os seus objetivos" nos combates registrados em sua fronteira com a Armênia.
O ministério armênio da Defesa informou ao meio-dia (hora local) que a intensidade dos confrontos "diminuiu consideravelmente", mas que a situação é "muito tensa" em alguns pontos.
"O inimigo continua tentando avançar", afirmou o ministério.
- Pedidos de prudência -
Armênia e Azerbaijão, duas ex-repúblicas soviéticas rivais do Cáucaso, travaram duas guerras nas últimas três décadas pelo controle da região de Nagorno-Karabakh, a última delas em 2020.
Pashinian denunciou uma "agressão" do Azerbaijão e, em conversas telefônicas durante a noite, pediu uma reação do presidente russo, Vladimir Putin, do presidente francês, Emmanuel Macron e do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.
Macron telefonou nesta terça-feira para o colega do Azerbaijão, Ilham Aliyev, para expressar sua "grande preocupação" pela violência e pedir para que ambas as partes "voltem a respeitar o cessar-fogo". O líder francês também pediu a intensificação das negociações e se ofereceu para ajudar ao lado da União Europeia, disse o Palácio do Eliseu.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também exortou os dois países nesta terça-feira a "tomar medidas imediatas para reduzir as tensões" e "resolver todos os problemas por meio do diálogo", disse seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
A União Europeia (UE) pediu o fim das hostilidades e anunciou que o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que havia liderado uma mediação entre os dois países, discutiria com as duas partes em conflito.
Antony Blinken, por sua vez, chamou os líderes de ambos os países a encontrar uma solução para o conflito.
A Rússia também pediu "prudência", disse à imprensa o assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, especificando que o conselho de segurança da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), uma aliança militar liderada por Moscou, planeja discutir o assunto durante uma reunião por videoconferência na noite desta terça-feira.
- Rússia "em um momento ruim" -
O Kremlin afirmou que Putin está "pessoalmente envolvido e fazendo todos os esforços possíveis para ajudar a reduzir a tensão".
Embora os confrontos em sua fronteira compartilhada tenham sido frequentes desde o fim da guerra de 2020, os combates desta terça-feira foram em uma escala sem precedentes.
"A escalada é consequência de um bloqueio nas negociações de paz", disse o analista Tatoul Hakobyan à AFP, observando que o conflito na Ucrânia "modificou o equilíbrio de forças na região", já que a Rússia, que apoia a Armênia, está "em um momento ruim".
Segundo ele, o Azerbaijão planeja aproveitar essa situação para "obter concessões da Armênia o mais rápido possível".
Mas para Farid Chafiev, presidente do Centro de Análise de Relações Internacionais em Baku, o verdadeiro "grande obstáculo à paz" é "a presença ilegal de soldados armênios" no Azerbaijão, em alusão ao Nagorno-Karabakh.
Os países vizinhos travaram duas guerras, uma na década de 1990 e outra em 2020, ao redor do enclave azerbaijano com população armênia. As seis semanas de combates em 2020 deixaram mais de 6.500 mortos e terminaram com um cessar-fogo mediado pela Rússia.
Com o acordo, a Armênia cedeu partes do território que controlou durante décadas e Moscou enviou quase 2.000 soldados para supervisionar a frágil trégua.
mkh-im-bur/lch/meb/zm/fp/mvv/am
© Agence France-Presse
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