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Irã anuncia desenvolvimento de míssil balístico hipersônico

10/11/2022 08h24

O Irã desenvolveu um míssil balístico hipersônico com capacidade para penetrar em todos os sistemas de defesa - anunciou o comandante da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária, general Amirali Hajizadeh, nesta quinta-feira (10).

"Este míssil balístico hipersônico pode contra-atacar os escudos de defesa antiaérea. Poderá atravessar todos os sistemas de defesa antimísseis", afirmou o general, citado pela agência de notícias Fars.

Um míssil hipersônico atinge velocidades superiores a Mach 5 (cinco vezes a velocidade do som), a quase 6.000 km/h.

De acordo com o comandante militar iraniano, "este míssil, que tem como alvo os sistemas antimísseis inimigos, representa um grande salto de geração na área dos mísseis".

O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, manifestou sua preocupação com o anúncio iraniano.

"Todo esse tipo de anúncio aumenta a preocupação, reforça a atenção pública sobre o programa nuclear iraniano", declarou Grossi à AFP, em paralelo à cúpula sobre o clima COP27, em Sharm el-Sheik, no Egito.

Os mísseis hipersônicos representam desafios para os desenvolvedores de radares por sua velocidade elevada e capacidade de movimento.

O anúncio foi feito depois que o Irã admitiu, no sábado, que enviou drones para a Rússia. Isso teria acontecido antes da guerra da Ucrânia.

O jornal americano The Washington Post afirmou, em 16 de de outubro, que o Irã se preparava para enviar mísseis à Rússia, mas Teerã respondeu que a informação era "completamente falsa".

Ao contrário dos mísseis balísticos, os mísseis hipersônicos voam a baixa altitude, com o objetivo de atingir alvos de maneira mais rápida.

Vários países tentam desenvolver este tipo de armamento. Rússia, Coreia do Norte e Estados Unidos anunciaram testes em 2021, o que provocou os temores de uma nova corrida armamentista.

A Rússia tem vantagem neste setor, com vários tipos desses mísseis. Em agosto, anunciou a presença de aviões equipados com estas armas hipersônicas em Kaliningrado, um enclave russo cercado por países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no nordeste da Europa.

Irã e Rússia são alvos de sanções: o Irã, desde que os Estados Unidos saíram de maneira unilateral do acordo nuclear de 2015 entre Teerã e as potências mundiais; e a Rússia, desde que invadiu a Ucrânia em fevereiro. 

Os dois países responderam às sanções com o aumento da cooperação em áreas cruciais para apoiar suas economias.

- Incógnita -

Um míssil hipersônico é manobrável, o que dificulta seu monitoramento e a defesa.

Enquanto países como os Estados Unidos desenvolvem sistemas projetados para a defesa dos mísseis balísticos e de cruzeiro, a capacidade de rastrear e derrubar um míssil hipersônico continua sendo uma incógnita.

O anúncio do Irã acontece em um momento de estagnação das negociações para reativar o acordo nuclear de 2015. 

O acordo assinado com seis grandes potências - Grã-Bretanha, China, França, Alemanha, Rússia e Estados Unidos - concedia ao Irã um grande alívio das sanções em troca de garantias de que o país não desenvolveria uma arma atômica. Teerã sempre negou o desejo de fabricar uma arma nuclear. 

O pacto foi rompido após a saída unilateral dos Estados Unidos em 2018, durante o governo do presidente Donald Trump. 

O anúncio também foi feito poucos dias após o Irã revelar um voo de teste de um foguete com satélite. 

O governo dos Estados Unidos expressou diversas vezes a preocupação de que os lançamentos possam impulsionar a tecnologia de mísseis balísticos do Irã, com a possível ampliação para ogivas nucleares.

Em março, o governo americano adotou sanções contra atividades relacionadas aos mísseis de Teerã.

O Irã, abalado por dois meses de manifestações após a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana detida pela polícia da moralidade, acusa seus "inimigos", em particular os Estados Unidos, de tentativa de desestabilizar o país.

Nesta quarta-feira, o Irã alertou os países da região, em particular a Arábia Saudita, que responderia a qualquer ação que pretenda desestabilizar a República Islâmica.

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© Agence France-Presse