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Musk restabelece algumas contas de jornalistas suspensas no Twitter

17/12/2022 12h21

Elon Musk restabeleceu as contas do Twitter de vários jornalistas que haviam sido suspensas depois que o magnata os acusou de colocar sua família em perigo, alguns dos quais tuitaram neste sábado (17).

O dono do Twitter foi criticado pelas Nações Unidas, União Europeia e organizações de mídia depois de suspender as contas de mais de meia dúzia de jornalistas de The New York Times, CNN e The Washington Post. 

"As pessoas se pronunciaram. As contas que revelaram minha localização agora terão sua suspensão removida", tuitou Musk na sexta-feira.

Musk organizou uma votação no Twitter para saber se deveria restabelecer as contas agora ou em uma semana. Quase 59% dos 3,69 milhões de usuários que participaram votaram para fazê-lo imediatamente.

As contas dos jornalistas independentes Aaron Rupar e Tony Webster, bem como do repórter do Mashable Matt Binder, foram reativadas neste sábado. Outras permaneciam suspensas, como as de Linette Lopez, da Business Insider, e do ex-apresentador do MSNBC Keith Olbermann.

Donie O'Sullivan, da CNN, que fez várias reportagens sobre Musk, disse que, embora sua conta suspensa tenha se tornado visível neste sábado, o Twitter exigiu que ele removesse uma postagem que a rede social diz violar sua política de privacidade.

"Neste momento, a menos que eu concorde em deletar aquele tuíte a pedido do bilionário, não terei permissão para tuitar", revelou O'Sullivan à CNN.

- "Coordenadas de um assassinato" -

A polêmica começou na quarta-feira, quando Musk suspendeu a conta @elonjet, que rastreava voos de seu jato particular. Musk justificou a atitude dizendo que um carro em Los Angeles que transportava um de seus filhos foi seguido por "um perseguidor maluco".

Alguns jornalistas relataram o assunto, inclusive com tuítes vinculados à conta @elonjet, que Musk disse ser equivalente a fornecer "as coordenadas que permitiriam um assassinato" dele ou de sua família.

Em um fórum ao vivo no Twitter Spaces na sexta-feira, Musk não forneceu evidências para suas alegações e disse que os jornalistas não receberiam tratamento especial por serem jornalistas.

Mas, quando questionado sobre mais detalhes sobre suas acusações, Musk encerrou a discussão e deixou o fórum, que foi suspenso. O serviço de áudio ao vivo voltou a funcionar na sexta-feira e Musk afirmou que uma falha estava sendo corrigida.

- Críticas e controvérsias -

As suspensões de Musk atraíram fortes críticas. 

O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, saudou a decisão de Musk de restabelecer as contas, mas disse que "ainda há sérias preocupações". Ele também pediu a Musk que se comprometa a tomar decisões com base no respeito aos direitos, incluindo a liberdade de expressão, "nada menos". 

Anteriormente, o porta-voz do chefe da ONU, António Guterres, afirmou que isso criava um "precedente perigoso em um momento em que jornalistas de todo o mundo enfrentam censura, ameaças físicas e coisas ainda piores". 

A UE alertou que o Twitter poderia ser multado pela lei europeia. "As notícias sobre a suspensão arbitrária de jornalistas no Twitter são preocupantes", tuitou a comissária europeia para Transparência, Vera Jourova. 

O Twitter está cercado de polêmicas desde que Musk assumiu o controle da rede social no final de outubro, depois de pagar 44 bilhões de dólares por ela, principalmente pela venda de ações da Tesla, sua bem-sucedida empresa de carros elétricos.

As alegações do bilionário sobre a necessidade de um discurso sem restrições e a instabilidade em torno do Twitter afastaram grandes anunciantes e chamaram a atenção dos órgãos reguladores. 

Musk restaurou recentemente a conta do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que havia sido bloqueada devido ao risco de maior incitação à violência após o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021. Por outro lado, o bilionário atacou o principal assessor da resposta dos EUA contra a covid-19, Anthony Fauci, alvo da mídia de direita. 

Além disso, um expurgo iniciado por Musk no Twitter deixou mais da metade de seus 7.500 funcionários desempregada, e agora muitos deles estão levando o magnata, também chefe da empresa espacial SpaceX, ao tribunal.

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© Agence France-Presse