Irã executa britânico-iraniano acusado de espionagem
O Irã executou um britânico-iraniano condenado à morte por espionar para os serviços de inteligência britânicos por enforcamento neste sábado (14), um ato "implacável" que "não ficará sem resposta", segundo o Reino Unido.
Alireza Akbari, de 61 anos, ex-funcionário de alto escalão da Defesa iraniana, foi condenado por "corrupção na Terra e atacar a segurança interna e externa do país ao passar informações de inteligência" ao Reino Unido, disse a agência de notícias da autoridade judicial, Mizan Online, neste sábado.
A execução ocorreu três dias após o anúncio da sentença de morte deste homem, apresentado no Irã como um "espião-chave" do Serviço Secreto de Inteligência britânico (SIS), mais conhecido como MI6.
É um "ato bárbaro" que "não ficará sem resposta", disse o ministro britânico das Relações Exteriores, James Cleverly, neste sábado.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, denunciou no Twitter uma condenação "implacável e covarde", enquanto a Anistia Internacional descreveu a execução como um "ataque atroz" do Irã ao "direito à vida".
Pouco depois, o Executivo britânico afirmou que ordenou sanções contra o procurador-geral do Irã, Mohammar Jafar Montazeri.
O governo do Irã convocou o embaixador britânico em Teerã para protestar contra o que descreveu como "intervenções não convencionais", denunciando o "apoio malicioso" de Londres a um "espião".
Os Estados Unidos se declararam "horrorizados" com a execução. "Prisões arbitrárias, confissões forçadas e execuções politicamente motivadas são totalmente inaceitáveis e devem parar", disse um porta-voz do Departamento de Estado, em Washington.
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos expressou sua "preocupação" com a execução de pessoas "após processos judiciais falhos".
A França condenou a execução "com a maior firmeza", segundo um comunicado de imprensa do Ministério das Relações Exteriores divulgado neste sábado.
- Altos cargos -
O diplomata americano Vedant Patel expressou a "grande preocupação" de Washington na sexta-feira com relatos de que Akbari havia sido "drogado, torturado enquanto estava sob custódia policial" e "forçado a fazer confissões falsas".
De acordo com a mídia oficial iraniana, Alireza Akbari ocupou altos cargos no aparato de segurança e defesa iraniano.
Este veterano da guerra entre o Irã e o Iraque (1980-1988) foi, entre outros, vice-ministro da Defesa para as Relações Exteriores, chefe de uma unidade num centro de pesquisa ministerial e assessor do comandante da Marinha, segundo a agência de notícias Irna, sem fornecer datas.
Em fevereiro de 2019, o jornal oficial do governo iraniano publicou uma entrevista com Alireza Akbari apresentando-o como um "ex-vice-ministro da Defesa" durante a presidência de Mohammad Khatami (1997-2005).
O ministro da Defesa na época era Ali Shamjani, atual secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional.
Akbari foi detido entre março de 2019 e março de 2020, segundo a agência Irna.
A agência Mizan afirmou que ele recebia pagamentos de mais de dois milhões de dólares por seus serviços.
A mídia iraniana divulgou um vídeo no qual ele parece ser visto conversando com pessoas que seriam contatos britânicos. Essas pessoas teriam pedido a ele, entre outras coisas, informações sobre o físico nuclear Mohsen Fakhrizadeh, assassinado perto de Teerã em 2020 em um ataque a seu comboio pelo qual o Irã culpou Israel.
O Irã frequentemente anuncia a prisão de agentes suspeitos de trabalhar para serviços de inteligência estrangeiros.
bur/sba/mas-pc/avl/aa/ic
© Agence France-Presse
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