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Violência e protestos ofuscam visita do chefe do Pentágono a Israel

09/03/2023 12h27

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, conversou com autoridades israelenses nesta quinta-feira (9), enquanto a violência aumenta devido à morte de três palestinos e em meio a manifestações contra o governo.

Milhares de israelenses que se opõem aos planos de reforma legal do governo de extrema direita do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, bloquearam estradas dentro e ao redor do aeroporto Ben Gurion de Israel. 

Os protestos obrigaram o local das negociações com Austin a ser alterado de última hora.

Poucas horas antes da chegada do americano, três palestinos foram mortos a tiros por policiais de fronteira israelenses disfarçados na Cisjordânia ocupada, onde a violência está aumentando apesar dos apelos da ONU por moderação.

O encontro de Austin com seu homólogo israelense, Yoav Gallant, mudou de endereço devido aos protestos. Netanyahu também se reuniu com o chefe do Pentágono, informou seu escritório. 

O primeiro-ministro viajou depois para Roma (Itália), voo que os manifestantes tentaram obstruir bloqueando com veículos as ruas de acesso ao aeroporto. 

Um deles, Ori Gal, de 18 anos, disse que estava protestando contra "a ditadura que emerge dos esgotos" e "ameaça a democracia israelense". 

Perto do Ministério da Defesa, em Tel Aviv, manifestantes a pé bloquearam uma das principais ruas, informou um fotógrafo da AFP.

Também houve manifestações menores em várias partes do país, obrigando Netanyahu a se deslocar para o aeroporto de helicóptero em vez de carro. 

Os opositores dos planos de reforma - que dariam ao poder político mais poder sobre os tribunais - protestam há nove semanas seguidas contra o que consideram uma ameaça à democracia. 

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, de extrema direita, disse que instruiu a polícia a impedir que os manifestantes bloqueiem as estradas. 

"Manifestar, gritar, é democracia", disse. "Mas a ilegalidade não será tolerada", acrescentou.

- Aumento da violência na Cisjordânia -

Paralelamente, a violência na Cisjordânia está aumentando, coincidindo com o governo de coalizão de Netanyahu, que assumiu em dezembro e é considerado o mais direitista da história de Israel. 

O Ministério da Saúde palestino anunciou nesta quinta-feira o "martírio" (morte) de três homens que foram mortos a tiros por forças israelenses em Jaba, perto da cidade de Jenin, no norte, o epicentro da violência. 

O Ministério da Saúde identificou os mortos como Sufyan Fakhoury, 26 anos, Ahmed Fashafsha, 22, e Nayef Malaysha, 25. 

A polícia israelense disse que forças especiais acompanhadas por soldados estiveram em Jaba para prender suspeitos envolvidos em tiroteios contra soldados na área, incluindo Fakhoury e Fashafsha.

Eles são dois membros do movimento palestino Jihad Islâmica. 

"Durante a operação, tiros foram disparados contra policiais de fronteira infiltrados... Eles responderam atirando e matando três homens armados no carro", disse a polícia. 

"Várias armas e artefatos explosivos foram encontrados no veículo", acrescentou. 

Por sua vez, a Jihad Islâmica condenou Israel pelo "assassinato cruel" perpetrado em Jaba. 

Na terça-feira, um ataque do exército israelense em Jenin deixou sete palestinos mortos, incluindo um membro do Hamas acusado de matar dois colonos israelenses no mês passado.

O enviado da ONU para a paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, pediu na quarta-feira a Israel e aos palestinos "calma e moderação", afirmando que o "ciclo de violência deve parar imediatamente". 

O Ministério da Saúde Palestino identificou a sétima fatalidade do ataque de terça-feira como Walid Nassar, de 14 anos. 

Desde o início do ano, a violência deixou 75 palestinos mortos, entre adultos e crianças, incluindo civis. 

Por sua vez, treze adultos e crianças israelenses, incluindo membros das forças de segurança e civis, bem como um civil ucraniano, foram mortos no mesmo período, segundo uma contagem da AFP com base em fontes oficiais de ambas as partes.

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© Agence France-Presse