Conteúdo publicado há 11 meses

Soldado americano entra na Coreia do Norte durante visita à fronteira

Um soldado americano entrou na Coreia do Norte durante uma visita turística à altamente vigiada fronteira deste país com a Coreia do Sul e estima-se que esteja sob custódia norte-coreana, um incidente que poderia aumentar as tensões entre Washington e Pyongyang.

Horas mais tarde, o Estado-Maior sul-coreano anunciou que a Coreia do Norte lançou dois mísseis balísticos no mar do Leste, também conhecido como mar do Japão, em uma aparente resposta ao anúncio de que um submarino americano visitaria um porto sul-coreano pela primeira vez em décadas.

O soldado, identificado pelo Exército dos Estados Unidos como Travis King, de segunda classe e que está no exército desde 2021, cruzou a fronteira "voluntariamente e sem autorização", afirmou nesta terça-feira o coronel Isaac Taylor, porta-voz das forças americanas na Coreia.

O Comando das Nações Unidas informou que King estava em uma visita de orientação na Área de Segurança Conjunta (JSA, na sigla em inglês) e acrescentou que acredita-se que ele esteja sob custódia norte-coreana.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse aos jornalistas que Washington está "monitorando e investigando de perto a situação e trabalhando para notificar os familiares do soldado".

Mais cedo, a emissora CBS News, citando autoridades dos Estados Unidos, havia garantido que um membro de baixa patente do Exército americano estava sendo escoltado para casa por motivos disciplinares, mas que conseguiu deixar o aeroporto e se juntar ao grupo de turistas.

Desde que a Guerra da Coreia, de 1950-1953, terminou com um armistício e não com um tratado de paz, os dois países continuam tecnicamente em conflito, e sua fronteira, muito vigiada, consiste em uma zona desmilitarizada.

Soldados de ambos os Estados trabalham frente a frente na Área de Segurança Conjunta, ao norte de Seul, sob a supervisão do comando das Nações Unidas.

O local é também um popular destino turístico, com centenas de visitantes por dia, do lado sul-coreano.

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Em 2019, o então presidente americano Donald Trump se reuniu com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, na localidade fronteiriça de Panmunjom, e esteve, também, em território norte-coreano ao cruzar a linha de demarcação.

Uma testemunha, que disse ter participado da mesma excursão, contou à CBS News que o grupo havia visitado um dos edifícios da localidade quando "este homem soltou um sonoro 'ha ha ha' e começou a correr entre os dois prédios".

"No começo pensei que era uma brincadeira de mau gosto, quando ele não voltou, me dei conta de que não era uma piada e então todos reagiram e as coisas ficaram loucas", explicou.

- Submarino nuclear dos EUA na Coreia do Sul -

A Coreia do Sul e os Estados Unidos intensificaram sua cooperação em relação à Defesa organizando exercícios militares conjuntos, alguns dos quais serão realizados no próximo mês.

Nesta terça-feira, as duas potências celebraram, em Seul, a primeira reunião do Grupo Consultivo Nuclear (NCG, sigla em inglês), que visa aprimorar a coordenação nuclear entre estes aliados e reforçar a preparação militar contra a Coreia do Norte.

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Além disso, anunciaram que o submarino nuclear americano fez uma escala na cidade sul-coreana de Busan pela primeira vez desde 1981.

Em 2020, no início da pandemia de covid-19, a Coreia do Norte fechou suas fronteiras e não tornou a abri-las novamente. Também reduziu significativamente a segurança em sua área na zona desmilitarizada.

De acordo com o protocolo do armistício, nem funcionários americanos nem da Coreia do Sul podem cruzar a fronteira pra recuperar o soldado americano.

O incidente ocorre em um momento em que as relações entre as duas Coreias são mínimas. A ação diplomática está paralisada e Kim Jong-un ordenou o desenvolvimento armamentista de seu país, incluindo armas nucleares táticas.

Os dois mísseis lançados nesta terça-feira pela Coreia do Norte são os últimos de uma série de testes armamentísticos realizados por Pyongyang, e, há menos de uma semana, Kim Jong-un supervisionou pessoalmente o lançamento de um míssil balístico intercontinental de combustível sólido, o Hwasong-18.

kjk/ceb/mtp/mar-avl/yr/aa/dd/am

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© Agence France-Presse

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