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Emirados Árabes Unidos, grande produtor de petróleo e gás e anfitrião da COP28

23/11/2023 09h13

O país anfitrião da conferência anual da ONU sobre o clima (COP28), os Emirados Árabes Unidos, depende fortemente dos hidrocarbonetos para a sua prosperidade, um caso semelhante ao do Catar, que sediou a COP18 em 2012. 

Veja, a seguir, a contribuição dos EAU para o aquecimento global e as suas ações concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

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- Qual é a sua pegada de carbono? -

Embora os Emirados Árabes Unidos tenham apenas nove milhões de habitantes, emitiram 237 milhões de toneladas de CO2 em 2021, ante os 305 milhões da Espanha e seus 47 milhões de habitantes, segundo dados oficiais, sem contar o metano e outros gases de efeito estufa. 

Isso equivale a 25 toneladas de CO2 por habitante, certamente menos do que o recorde do Catar (40 toneladas), mas consideravelmente maior do que a Arábia Saudita (18 toneladas).

Essas emissões não incluem o petróleo e o gás exportados pelo país, apenas refletem o CO2 emitido diretamente por seus habitantes e empresas, o que indica uma economia e estilo de vida ainda baseados principalmente na combustão de petróleo e gás.

As atividades que consomem muita energia são prósperas: arranha-céus brilhantes surgem do deserto e o ar-condicionado é onipresente no calor escaldante. 

A eletricidade nos Emirados é quase inteiramente produzida pela queima de gás (82,5% em 2022), que libera CO2. 

A energia solar representa apenas 5%, e a energia nuclear, em expansão, representa 13%, segundo a consultoria especializada Ember.

- Qual é a sua ambição climática? -

Em julho, o país apresentou um novo plano climático. Os Emirados Árabes Unidos aderiram ao objetivo comum de muitos países de triplicar a produção de energia renovável até 2030. 

O governo acaba de inaugurar o seu primeiro parque eólico e, duas semanas antes da COP28, inaugurou a central solar Al Dhafra, uma das maiores do mundo. 

Também anunciou planos para reduzir as emissões em todos os setores, da indústria ao transporte, com especial destaque para os veículos elétricos. 

No entanto, em julho, a organização Climate Action Tracker (CAT) descreveu a estratégia global como "insuficiente" e até "altamente insuficiente".

A CAT analisa os planos nacionais e compara-os com o caminho que cada país deve seguir para contribuir para o esforço coletivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C em comparação com a era pré-industrial. 

A razão para tais críticas é que estima-se que as emissões dos Emirados continuarão aumentando até 2030 e o gás manterá uma posição importante até 2050, enquanto a sua meta de emissões líquidas zero em 2050 permanece muito vaga. 

Mas os Emirados destacam a diversificação antecipada da sua economia ao longo das décadas: a indústria do petróleo e do gás continua dominante, mas representa agora apenas cerca de 30% do PIB, em comparação com 42% do seu vizinho saudita.

- O papel da Adnoc -

Os Emirados são o sétimo maior produtor de petróleo do mundo, à frente do Irã e do Kuwait, por meio da empresa nacional Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc). 

A Adnoc planeja investir 150 bilhões de dólares (734 bilhões de reais) entre 2023 e 2027 para aumentar a sua capacidade de produção de hidrocarbonetos. 

Em outubro, anunciou um novo projeto de gás offshore (campos de Hail e Ghasha). 

Assim como a empresa de energia renovável Masdar, a Adnoc é dirigida por Sultan Al Jaber, nomeado pelo governo dos Emirados para presidir a COP28, o que alimenta acusações de fraude.

Jaber argumenta que o seu petróleo é mais barato e tem menos impacto em termos de emissões devido à extração mais simples do que em outras regiões do mundo. 

O presidente da COP28 afirma que a Adnoc está apenas aumentando a capacidade de extração, e não a produção do petróleo em si, para se preparar para satisfazer a demanda futura com um tipo de petróleo melhorado. 

Na sua opinião, os combustíveis fósseis só poderão ser abandonados quando as energias renováveis puderem substituí-los de forma adequada.

Paralelamente, o país apoia a captura e o armazenamento de carbono (CSC), técnicas que ainda estão longe de conseguir armazenar os bilhões de toneladas de CO2 necessários para manter as metas climáticas. 

Segundo a ONG Global Witness, as emissões totais da Adnoc, incluindo as geradas pela combustão dos hidrocarbonetos exportados, continuarão aumentando até 2030, atingindo 684 milhões de toneladas de CO2, o equivalente ao triplo das atuais emissões territoriais dos Emirados.

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© Agence France-Presse

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