Zelensky se reunirá na terça com Biden e presidente da Câmara dos EUA
O presidente americano, Joe Biden, convidou seu colega ucraniano, Volodimir Zelensky, a visitá-lo na terça-feira em Washington, onde também se reunirá com o líder republicano da Câmara de Representantes, depois que o Congresso bloqueou um pedido de recursos para ajudar a Ucrânia.
Os dois presidentes "vão discutir as necessidades urgentes da Ucrânia" em sua luta contra a invasão russa, e "a importância vital do apoio continuado dos Estados Unidos neste momento crítico", declarou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, em nota divulgada neste domingo (10).
A Presidência ucraniana informou, também em nota, que a reunião se concentrará em assuntos-chave, como "uma maior cooperação de defesa entre a Ucrânia e os Estados Unidos, particularmente através de projetos conjuntos na produção de armas e sistemas de defesa aérea, bem como na coordenação de esforços entre nossos países no próximo ano".
Em um golpe para Zelensky, senadores republicanos bloquearam na semana passada um pedido de Biden de US$ 106 bilhões (cerca de R$ 520 bilhões) em ajuda emergencial sobretudo para Ucrânia e Israel, depois que os conservadores refutaram a exclusão de reformas migratórias que eles tinham exigido e que condicionavam como parte do pacote.
O bloqueio representou um revés para Biden, que urgiu os legisladores a aprovarem o pacote, alertando que o presidente russo, Vladimir Putin, não pararia com uma eventual vitória na Ucrânia e poderia, inclusive, atacar um país da Otan.
"Isto não pode esperar", disse Biden na Casa Branca, em um discurso televisionado na quarta-feira.
"Francamente, penso em primeiro lugar que é impressionante que tenhamos chegado a este ponto, onde os republicanos no Congresso estão dispostos a dar a Putin o maior presente que ele poderia esperar", afirmou.
Momento crítico
Na mesma terça-feira, Zelensky se reunirá com o novo presidente da Câmara de Representantes, o republicano Mike Johnson, em uma tentativa de retomar a ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia.
Segundo o porta-voz de Johnson, Raj Shah, a reunião ocorrerá no Capitólio, sede do Legislativo, e poderá ser chave para um avanço no tema da ajuda à Ucrânia, enquanto os republicanos se recusam a liberar mais recursos e a Casa Branca adverte que o dinheiro já liberado poderia acabar em questão de semanas.
Um funcionário do Senado disse que o líder da maioria democrata na Casa, Chuck Schumer, e o líder republicano, Mitch McConnell, também convidaram Zelensky a falar em uma reunião entre todos os senadores na manhã de terça-feira.
A Casa Branca disse que a reunião acontecerá em um momento crítico, "enquanto a Rússia aumenta seus ataques com mísseis e drones contra a Ucrânia".
No começo de dezembro, Putin assinou um decreto para reforçar as tropas russas em 15% para apoiar sua operação militar na Ucrânia, aumentando o contingente do exército em 170.000 pessoas.
Recentemente, Moscou tem dado sinais de abertura para um possível acordo de paz, embora deseje um que inclua uma Ucrânia reduzida e neutra, algo impensável para Zelensky.
O Departamento de Estado americano anunciou, na quarta-feira, uma solução provisória de 175 milhões de dólares (R$ 858 milhões) de uma nova ajuda à Ucrânia, incluindo foguetes, projéteis, mísseis e munições HIMARS.
A disputa pelo financiamento evidencia os sinais de que o apoio ocidental à Ucrânia está minguando logo quando a contraofensiva de Kiev fraqueja e as forças de Putin pressionam para alcançar novos êxitos.
A ofensiva ucraniana tem usado armamento ocidental avaliado em bilhões de dólares, mas a frente de batalha só mudou em mais de um ano e os ataques russos ao longo do front se intensificaram.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, insistiu, neste domingo, que a "Ucrânia tem feito um trabalho extraordinário" defendendo-se.
"A escolha é muito clara", disse ele à ABC. "Se fizermos isto e ajudarmos a Ucrânia a manter os êxitos que conseguiu, ajudaremos a assegurar que a Rússia continue sofrendo um fracasso estratégico na Ucrânia".
"O outro caminho a seguir é fazer o que [fazem] as únicas pessoas que o apoiam, que estão em Moscou e talvez em Teerã e Pequim, que é não dar esta assistência", afirmou.