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Greve geral na Argentina é primeiro grande desafio para reformas de Milei

O presidente da Argentina, Javier Milei Imagem: REUTERS/Tomas Cuesta

23/01/2024 17h14Atualizada em 24/01/2024 06h51

O presidente libertário Javier Milei enfrentará nesta quarta-feira (24) uma greve geral convocada pela maior central sindical da Argentina, no primeiro grande desafio às reformas econômicas que ele empreendeu desde que chegou ao poder, há um mês e meio.

A Confederação Geral do Trabalho (CGT), de orientação peronista, rejeita, principalmente, as alterações por decreto do regime trabalhista promovidas por Milei, que limitam o direito à greve e afetam o financiamento dos sindicatos.

"Nenhum sindicato está em posição de ceder nem um centímetro do que foi conquistado", afirmou Pablo Moyano, vice-secretário-geral da CGT, que também rejeita uma lei de corte de gastos e desregulamentação da economia discutida no Congresso, onde o governismo é minoria.

Também aderiu à convocação a Confederação de Trabalhadores Argentinos (CTA), segunda maior central sindical, assim como as Mães e Avós da Praça de Maio.

Organizações internacionais de cidadãos e sindicais convocaram a mobilização em favor dos manifestantes argentinos e são esperados atos em Montevidéu, Madri, Londres, Paris e Berlim, entre outras cidades.

Primeiro desafio

Essa será a primeira manifestação de alcance nacional contra o governo e suas medidas draconianas de ajuste, com as quais busca conter a inflação, que chegou a 211% em 12 meses, um recorde em 30 anos.

Em dezembro, o consumo diminuiu 13,7% no mesmo período e a produção das pequenas indústrias caiu 26,9%, segundo a câmara empresarial Came.

A desvalorização da moeda em 50% e a liberação dos preços dos combustíveis, entre outras decisões de Milei, também reduziram drasticamente o poder aquisitivo dos assalariados e aposentados, e o descontentamento se refletiu nas ruas. Ainda assim, pesquisas mostram que o presidente mantém uma imagem positiva entre 47% e 55% dos entrevistados.

A greve, de 12 horas, terá início ao meio-dia, com uma passeata da sede da CGT até o Congresso. "A paralisação irá mostrar que existem duas Argentinas, uma que quer ficar atrasada, no passado, na decadência", disse o presidente.

Desconto

O governo afirmou que irá descontar o dia parado do salário de funcionários públicos que se unirem à greve. O Executivo também criou uma linha telefônica gratuita e anônima para "aqueles que se sentirem extorquidos, ameaçados ou obrigados a parar" por seus sindicatos. Um a cada quatro trabalhadores é sindicalizado no país.

A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, que testou em dezembro seu chamado "protocolo antipiquetes", ou contra os bloqueios de estradas, reiterou antes da greve que o mecanismo de controle de multidões está em vigor.

Entre outras coisas, o protocolo impede o fechamento de ruas e exige que os manifestantes se limitem a permanecer em calçadas e praças.

Serviços essenciais

O Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), de 366 artigos, ditado por Milei assim que ele tomou posse, introduz mudanças substanciais na legislação trabalhista argentina, principalmente em relação ao exercício do direito à greve.

Milei exige uma cobertura mínima de 75% em serviços essenciais, como educação, transporte e alimentação, entre outros, e impulsiona demissões de grevistas por justa causa, entre outras medidas.

A CGT questionou a constitucionalidade do capítulo trabalhista do decreto na Justiça, que suspendeu seus efeitos provisoriamente. O governo recorreu da decisão e o caso foi encaminhado à Suprema Corte, que está em recesso.

"Esta é a primeira vez que liberdades são devolvidas aos cidadãos, que se monta um sistema para que os mercados se tornem mais competitivos e também se eliminam violações. É por isso que estão tão irritados", declarou Milei.

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