Lula insiste em que Israel comete genocídio em Gaza

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva insistiu nesta sexta-feira em que Israel comete um genocídio contra civis palestinos na Faixa de Gaza, após comparar, no último domingo, as ações do Exército israelense com o Holocausto. 

"O que o governo do Estado de Israel está fazendo não é guerra, é genocídio. Crianças e mulheres estão sendo assassinados", disse Lula, durante evento no Rio de Janeiro.

Esse foi o primeiro comentário do presidente após a polêmica de domingo, quando, na cúpula anual da União Africana em Adis Abeba, na Etiópia, ele causou polêmica ao acusar Israel de "genocídio" e comparar sua campanha militar em Gaza com "quando Hitler resolveu matar os judeus". 

Após esse episódio, Israel declarou Lula "persona non grata" e exigiu um pedido de desculpas.

O presidente brasileiro, no entanto, não se desculpou e, sem se referir ao Holocausto desta vez, insistiu: "É um genocídio. São milhares de crianças mortas, milhares desaparecidas, e não estão morrendo soldados, estão morrendo mulheres e crianças no hospital. Se isso não é genocídio, não sei o que é genocídio."

"Não troco a minha dignidade pela falsidade", disse Lula, que defendeu mais uma vez a criação de um Estado palestino "livre e soberano".

Antes disso, o ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, publicou uma mensagem na rede social X, junto com uma imagem de brasileiros e israelenses abraçados diante de suas bandeiras: "Ninguém vai separar nosso povo - nem mesmo você Lula", escreveu.  

Katz já havia condenado as declarações do presidente brasileiro, descrevendo-as como "um cuspe no rosto dos judeus brasileiros".

A guerra entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em números israelenses. 

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Lula classificou o ataque do Hamas de "ato terrorista", mas criticou em várias oportunidades a reação "desproporcional" de Israel.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, um território palestino pequeno e estreito governado pelo Hamas, 29.514 pessoas, a maioria civis, morreram desde o início das hostilidades até agora na Faixa de Gaza.

Após quatro meses de guerra e com centenas de milhares de pessoas deslocadas, a situação humanitária está cada vez pior. Segundo a ONU, 2,2 milhões dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza estão à beira da fome.

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© Agence France-Presse

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