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Tales: Ramagem será responsabilizado por não se lembrar de nada

O depoimento de Alexandre Ramagem à Polícia Federal, no qual ele alega "não se lembrar de nada" sobre seu envolvimento na chamada "Abin paralela", revela que o ex-chefe do órgão de inteligência durante o governo de Jair Bolsonaro será responsabilizado por seu esquecimento diante de provas concretas do caso, afirmou o colunista Tales Faria no UOL News desta sexta (26).

Em informações obtidas pelo jornal O Globo e confirmadas pelo UOL, a PF encontrou documentos registrados no e-mail de Ramagem contendo orientações para Jair Bolsonaro sobre temas sensíveis, como ataque às urnas e relatos sobre ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

A PF encontrou relatos do Ramagem para Bolsonaro instruindo sobre como atacar as urnas e ministros do STF. É curiosa a forma como ele reagiu a essa informação no depoimento. Quando vinha algo mais comprovado e inevitável, que ele não poderia negar, Ramagem dizia 'eu não lembro'.

Você tem relatos desse tipo e não se lembra? Isso não existe; é uma orientação de advogado para quando você for pego e tiver alguma coisa que não possa ser negada. É a saída que o Ramagem encontrou nesse depoimento.

Ele não se lembra de muita coisa. Agora vai acabar sendo responsabilizado, no mínimo, por não se lembrar. Tales Faria, colunista do UOL

Tales ainda considerou acertada a decisão de Paulo Gonet, procurador-geral da República, que negou o acesso da defesa de Jair Bolsonaro à delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid no caso das joias sauditas.

Gonet negou o pedido e disse que não se deve dar isso antes de a denúncia ser formulada porque a delação pode ter outros fatos que mereçam investigação. Às vezes, há informações na delação sobre o envolvimento em outros casos como o do Ramagem. Está se investigando a 'Abin paralela', mas há também o envolvimento dele nas tratativas para o golpe.

Na questão do Mauro Cid há vacina, joias e também o golpe. No caso das joias, ao liberar o acesso [à delação], pode-se soltar informações sobre outros processos e investigações. Esse caso mostra claramente que Gonet tem razão em não liberar o sigilo enquanto não houver uma investigação aprofundada, porque esses casos todos estão ligados um com o outro. Tales Faria, colunista do UOL

Josias: Depoimento mostra que Ramagem pede para PF tratá-lo como tolo

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Ao negar seu envolvimento na chamada "Abin paralela" mesmo diante de evidências claras, Alexandre Ramagem quer que a Polícia Federal o enxergue como um bobo, em vez de um personagem central na trama de espionagem ocorrida durante o governo de Jair Bolsonaro, disse o colunista Josias de Souza.

É um personagem que o país desconhece. Até ontem, imaginou-se que Ramagem foi um poderoso chefe da Abin. Agora, descobre-se que era meio abobalhado e não sabia de nada. Soube que havia lá um equipamento israelense, que permitia monitorar pessoas pelo sinal do celular e que isso foi utilizado de forma irregular, mas 'não tinha nada a ver com isso'.

Espionaram-se políticos, assessores, parlamentares, ambientalistas, jornalistas, acadêmicos, ministros de tribunais superiores, mas ele não se lembra desse tipo de diligência. Isso consta no depoimento do Ramagem. Ele diz não ter nada a ver com isso porque não determinou que a ferramenta fosse utilizada para isso.

O depoimento dele é muito sui generis porque mostra que Ramagem pede à PF para tratá-lo não como um todo-poderoso ex-chefe da Abin e do aparato de inteligência do governo, mas como um bobo, atoleimado. Como um idiota, um imbecil que estava na Abin; as coisas passavam sob seu nariz e não tinha nada a ver com nada. Josias de Souza, colunista do UOL

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