Processo dos EUA contra Apple ataca ecossistema fechado da empresa

A ação judicial movida na quinta-feira (21) pelo governo dos Estados Unidos contra a Apple tem como alvo os princípios promovidos pela empresa, que construiu seu universo sobre a exclusividade de seus produtos.

- Cultivar a diferença -

Desde o começo, sob influência de seu cofundador, Steve Jobs, a Apple busca oferecer produtos únicos, se desvinculando dos concorrentes e focando na ergonomia e no design.

A empresa já esperava que suas versões se tornassem o padrão da indústria, mas no âmbito específico dos computadores pessoais (PCs), perde para a Microsoft e seu sistema operacional Windows.

A Apple não seguiu a tendência e manteve seu próprio sistema operacional: macOS, incompatível com outros PCs.

Embora tenha acabado permitindo que os usuários do Mac, seu computador principal, instalassem o Windows no início dos anos 2000, o macOS continua sendo o sistema padrão.

- Preservar a exclusividade -

Após seus computadores de mesa, a Apple expandiu a oferta para notebooks, no final da década de 1980, e depois lançou o iPod em 2001, o iPhone em 2007, o iPad em 2010 e o Apple Watch em 2015.

O conjunto de produtos, todos com o sistema operacional da Apple, constitui um mundo limitado que se supõe autossuficiente.

Mas quando se trata de interagir com os serviços de fora, como enviar uma mensagem de texto para um smartphone de outra marca ou usar um Apple Watch com um telefone que não seja o iPhone, a tarefa se torna complicada. 

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Em 2022, um jornalista reclamou de não poder enviar vídeos para sua mãe, já que a Apple não havia adotado o padrão de mensagens RCS (Rich Communication Services), vigente em todos os smartphones, exceto o iPhone. 

O CEO da empresa, Tim Cook, respondeu dizendo: "Compre um iPhone para sua mãe".

- Os serviços, fonte de lucro -

Embora quase inexistente antes da chegada do iPod e iPhone, os serviços oferecidos pela Apple se tornaram o principal fator de crescimento e, atualmente, representa quase um quarto do volume de negócios.

Os serviços, que englobam armazenamento de dados via iCloud, plataformas de música em streaming pela Apple Music e vídeo por meio da Apple TV+, além da App Store, oferece margens de lucro superiores a 70% - muito maiores do que as receitas dos outros produtos.

E são essas atividades, também, que renderam à Apple uma série de processos em vários países, como o iniciado na quinta-feira pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

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Criada há quase 50 anos, a companhia é acusada de impedir que os consumidores baixem um aplicativo fora da App Store, e também de obrigar todos os desenvolvedores de aplicativos a pagarem uma comissão por compras feitas no iPhone.

Além de um custo injustificado para os consumidores, o governo dos Estados Unidos acusa a Apple de dificultar o desenvolvimento, especialmente por limitar a operação dos serviços em outros smartphones ou plataformas.

A Apple afirma, por sua vez, que o ecossistema fechado e as comissões cobradas permitem garantir a segurança de seus usuários e a qualidade de seus produtos.

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© Agence France-Presse

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