Ganhador das eleições do Senegal defende rompimento com sistema atual

O candidato opositor Bassirou Diomaye Faye comemorou, nesta segunda-feira (25), que o povo do Senegal tenha decidido "romper" com o sistema político atual ao elegê-lo como o presidente mais jovem da história do país africano.

O candidato governista nas eleições, Amadou Ba, havia reconhecido previamente a vitória de seu rival antissistema, que representa um terremoto político nesta nação da África Ocidental.

O opositor de 44 anos, libertado da prisão apenas dez dias antes das eleições, se descreveu como "a opção da ruptura", mas defendeu a "reconciliação nacional" após três anos de instabilidade e crise política.

É a primeira vez nas doze eleições presidenciais celebradas mediante sufrágio universal, desde a independência do Senegal da França em 1960, que um candidato opositor vence no primeiro turno.

Inclusive antes da publicação oficial dos resultados, o governista Ba, de 62 anos, parabenizou Faye "por sua vitória no primeiro turno".

O presidente em fim de mandato Macky Sall, que não se candidatou depois de suas vitórias em 2012 e 2019, também o parabenizou e celebrou o que classificou de "vitória para a democracia senegalesa".

Faye prometeu uma política de esquerda panafricana e renegociar os contratos de gás e petróleo justo quando o país se dispõe a iniciar a exploração das reservas encontradas recentemente.

Aliados ocidentais de Dacar, como Estados Unidos e França, felicitaram o ganhador, que se comprometeu a ser "um aliado seguro e confiável" de qualquer país que "respeite" o Senegal.

A comissão eleitoral nacional tem até a sexta-feira para publicar os resultados provisórios, antes da validação do Conselho Constitucional. É preciso obter a maioria absoluta dos votos para ganhar no primeiro turno, caso contrário, os dois principais candidatos disputam o segundo turno.

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A eleição estava programada para 25 de fevereiro, mas o presidente em fim de mandato a adiou de última hora, o que provocou uma onda de violência.

Várias semanas de confusão puseram à prova a democracia do Senegal, até que a eleição finalmente foi programada para 24 de março.

A dez dias do pleito, Faye foi libertado junto com o opositor Ousmane Sonko, que travava desde 2021 uma disputa contra o poder que, em alguns momentos deu lugar a protestos violentos.

Os dois haviam sido presos por relação com essa disputa. Sonko não pôde concorrer às eleições por uma condenação por difamação, mas apoiou Faye.

O Senegal é considerado um dos países mais estáveis da África Ocidental, uma região sacudida recentemente por vários golpes de Estado.

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© Agence France-Presse

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