EUA anuncia limites de emissão de CO2 para usinas a carvão

O governo de Joe Biden anunciou, nesta quinta-feira (25), que vai impor a partir de 2032 limites rígidos às emissões de CO2 das usinas a carvão que continuarem suas operações no longo prazo, uma medida destinada a ajudar os Estados Unidos a cumprir seus compromissos climáticos. 

As novas regras, que também se aplicam às centrais a gás construídas no futuro, são amparadas em tecnologias de captura de carbono, ainda pouco utilizadas, mas nas quais a administração Biden aposta fortemente. 

São anúncios que "nos fazem avançar em nossa luta contra a crise climática", disse Ali Zaidi, assessor para o clima do presidente democrata que concorre à reeleição. 

"O setor energético tem hoje mais ferramentas do que nunca para reduzir a sua poluição", acrescentou.

A geração de eletricidade é responsável por cerca de 25% das emissões de gases com efeito estufa do país e é a segunda maior emissora depois dos transportes. 

Segundo as novas regras, as centrais a carvão em operação após 2039 terão de capturar 90% das suas emissões de CO2 a partir de 2032. 

As novas e grandes usinas a gás também deverão ser equipadas para capturar 90% do seu CO2 até 2032. 

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, em sua sigla em inglês) propôs há um ano a normativa, aprovada com algumas alterações após uma consulta pública obrigatória.

A regulamentação final não inclui as usinas de gás existentes, que estarão sujeitas a outra norma. O prazo para as usinas capturarem seu CO2 foi adiado de 2030 para 2032.

Continua após a publicidade

- "Histórico" -

Até agora, não existiam normas federais que limitassem as emissões das centrais a carvão existentes. Segundo a EPA, essas usinas representam a maior fonte de emissões no setor energético. 

A regulamentação deve evitar a emissão de quase 1,4 bilhão de toneladas de CO2 até 2047, o equivalente às emissões anuais de 328 milhões de veículos, argumentou a EPA. 

É "uma das ferramentas mais eficazes já desenvolvidas para reduzir as emissões nocivas ao clima provenientes do setor energético", reagiu a organização Sierra Club. 

"É histórico", disse à AFP Margie Alt, diretora da Campanha de Ação Climática, um coletivo de organizações ambientais. O governo Biden "terá feito mais pelo clima do que qualquer outro", disse. 

Nenhuma tecnologia é imposta às empresas para atingir as metas de redução de emissões, mas a EPA defende que a melhor opção será a captura e armazenamento de CO2, que permite reter este gás em vez de o liberá-lo na atmosfera. 

Continua após a publicidade

No entanto, segundo a Agência Internacional de Energia, há atualmente apenas cerca de 40 instalações de captura de CO2 no mundo para processos industriais ou produção de eletricidade. 

A organização 350.org considera que estas tecnologias ainda não comprovaram sua eficácia e que o que deveria ser reduzido é o número de centrais deste tipo. 

- Regulamentação "extrema" -

O congressista republicano do Texas Chip Roy afirmou, por sua vez, que a EPA está "matando a geração confiável de eletricidade". 

O grupo America's Power, que representa a indústria do carvão, qualificou a nova regulamentação de "extrema e ilegal".

Poderia ser impugnada nos tribunais e o ex-presidente Donald Trump já anunciou sua intenção de revertê-la se for eleito novamente presidente em novembro.

Continua após a publicidade

Nesta quinta, a EPA também anunciou outras três regulamentações relativas às usinas a carvão, destinadas a reduzir suas emissões de metais tóxicos (mercúrio, níquel, etc) e a contaminação de seus efluentes na água e as cinzas do carvão.

Na última década, várias usinas a carvão fecharam nos Estados Unidos, enquanto a produção de eletricidade a partir de energia solar e eólica aumentou, assim como das centrais a gás. 

No entanto, em 2023, cerca de 60% da eletricidade foi produzida em usinas a gás (43%) ou carvão (16%) nos Estados Unidos, segundo a Agência Internacional de Energia, seguida pelas energias renováveis (21%) e pela energia nuclear (18%).

la/pno/atm/dbh/jc/mvv/ic

© Agence France-Presse

Deixe seu comentário

Só para assinantes