Hamas diz que ataque em Rafah deixou 35 mortos; Israel se recusa a encerrar a guerra

Autoridades de Gaza afirmaram que ataques israelenses contra um centro de deslocados perto da cidade de Rafah (sul) deixou dezenas de mortos neste domingo (26), depois que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se recusou a pôr fim à guerra no território.

O Ministério de Saúde de Gaza, território controlado pelo Hamas, informou, na manhã de segunda-feira (noite de domingo no Brasil) que pelo menos 35 pessoas morreram no ataque, que qualificou de "massacre horroroso".

A ação israelense "tirou a vida de 35 mártires e deixou dezenas de feridos, em sua maioria crianças e mulheres" e acrescentou que cerca de 50 pessoas ficaram feridas.

O exército israelense afirmou, por sua vez, que matou dois altos dirigentes do Hamas em um ataque aéreo em Rafah e que estava a par de que a ação afetou civis.

Segundo esta instituição, o ataque contra "uma instalação do Hamas em Rafah" matou Yassin Rabia e Khaled Nagar, altos dirigentes do grupo islamista na Cisjordânia ocupada.

Ambos estariam envolvidos em atividades do Hamas na Cisjordânia, inclusive no planejamento de ataques e transferência de recursos, enquanto Nagar também administrava fundos para as operações do Hamas, segundo o exército israelense.

- Ataque "deliberado" -

O Hamas acusou Israel, nesta segunda, de "atacar deliberadamente" um centro para deslocados em Rafah e convocou os palestinos a "se levantar e marchar furiosamente contra o massacre sionista".

Horas antes, neste domingo, Israel disse que pelo menos oito foguetes foram disparados de Rafah contra seu território, incluindo Tel Aviv, assegurando que vários projéteis foram interceptados.

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Também anunciou a morte de dois soldados, elevando a 289 suas baixas desde o início do conflito. 

A guerra teve início em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais israelenses.

Os milicianos também sequestraram 252 pessoas. Israel afirma que 121 permanecem sequestradas em Gaza, das quais 37 teriam morrido.

Em retaliação, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva contra Gaza, matando até o momento 35.984 palestinos, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério de Saúde de Gaza.

Milhares de israelenses participaram à noite dos funerais de um refém, Hanan Yablonka, morto em 7 de outubro, cujo corpo só foi recuperado na sexta-feira pelo exército israelense em Gaza.

"É preciso trazer todos de volta para casa", disse Avivit Yablonka, dedicando esta marcha ao seu irmão e pedindo "a libertação de todos os reféns".

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- Contra o fim da guerra -

Antes de uma reunião de seu gabinete de guerra, Netanyahu acusou o líder do Hamas em Gaza, Yaha Sinwar, de "continuar exigindo o fim da guerra e a retirada das forças de defesa israelenses, deixando o Hamas intacto para que possa praticar uma e outra vez as atrocidades de 7 de outubro".

O primeiro-ministro "se opõe firmemente" a essa exigência, informou seu gabinete em um comunicado.

As negociações indiretas, com mediação de Estados Unidos, Egito e Catar, estagnaram no começo de maio, pouco depois do início das operações terrestres em Rafah.

Veículos de comunicação israelenses noticiaram que o chefe do Mossad - o serviço de inteligência -, David Barnea, acordou, durante reuniões em Paris, com o diretor da CIA, William Burns, e o primeiro-ministro catari, Mohamed bin Abdulrahman al Thani, um novo marco para os diálogos.

O presidente americano, Joe Biden, disse estar "comprometido com uma diplomacia de emergência" para conseguir um cessar-fogo e a libertação dos reféns.

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Funcionários cataris preveem se reunir com uma delegação do Hamas nos próximos dias, segundo o site de notícias americano Axios.

Por sua vez, Espanha, Irlanda e Noruega vão reconhecer a Palestina como Estado na terça-feira, segundo anunciaram na quarta-feira passada.

"O povo palestino [...] tem direito a ter um Estado, assim como o povo de Israel tem esse direito", avaliou, neste domingo, em Bruxelas, o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares. 

- Autoridade Palestina "forte" -

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, defendeu uma Autoridade Nacional Palestina (ANP) "forte" para alcançar a paz.

A ANP administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, mas é o único interlocutor reconhecido pela comunidade internacional, enquanto o Hamas, no poder em Gaza, é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e a UE.

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Os ministros das Relações Exteriores da UE vão se reunir na segunda-feira em Bruxelas com seus pares de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Jordânia, assim como com o secretário-geral da Liga Árabe.

O exército israelense iniciou, em 7 de maio, operações terrestres em alguns setores de Rafah, onde afirma que o Hamas mantém os últimos bastiões.

Cerca de 800.000 pessoas fugiram da cidade, segundo a ONU, que adverte para a situação humanitária catastrófica em toda a Faixa, com risco de fome e hospitais fora de serviço devido ao cerco israelense.

"Sofremos [...] fome, sede e uma falta cruel de ajuda", disse à AFP Moaz Abu Taha, um palestino de 29 anos em Rafah. 

burx-ila/cn/hgs-bc-js/dg/mvv

© Agence France-Presse

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