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Júri do julgamento de Trump inicia 2º dia de deliberações

O presidente dos EUA, Donald Trump, durante julgamento em Nova York Imagem: Yuki Iwamura/Pool via Reuters/ 29.mai.2024

30/05/2024 10h24

O júri que decidirá o destino de Donald Trump iniciou, nesta quinta-feira (30), no tribunal de Nova York, o seu segundo dia de deliberações, após o qual chegará a um veredicto que poderá abalar as eleições americanas de novembro.

Este é um processo histórico, o primeiro julgamento criminal contra um ex-presidente dos Estados Unidos.

Ao chegar ao tribunal de Manhattan, Trump, de 77 anos, chamou mais uma vez o juiz Juan Merchan, que preside o julgamento, de "corrupto".

"Só quero dizer que é um dia muito triste para os Estados Unidos (...). Tudo está fraudado", acrescentou o magnata, que deverá permanecer nas instalações do tribunal até que as deliberações sejam concluídas.

Depois de semanas de depoimentos de mais de 20 testemunhas, o foco agora está inteiramente nessas dezenas de nova-iorquinos comuns, que devem decidir se o ex-presidente republicano é culpado de falsificar documentos para tentar encobrir um escândalo sexual na reta final de sua campanha para a Casa Branca em 2016.

A identidade dos membros do júri, formado por sete homens e cinco mulheres, é mantida em segredo para protegê-los de tensões políticas.

Nesta quinta, todos se retiraram da sala para deliberar a portas fechadas com suas anotações e um computador que possui acesso às evidências do caso.

Após algumas horas de trabalho, pediram para ouvir novamente trechos dos depoimentos de dois protagonistas do caso, o ex-editor de um tabloide próximo de Trump, David Pecker, e o ex-advogado e homem de confiança do ex-presidente, que é agora seu principal acusador, Michael Cohen.

Seus testemunhos abordam, em particular, uma reunião que tiveram com o magnata em agosto de 2015 na Trump Tower, em Nova York, onde elaboraram um plano para evitar qualquer possível escândalo que afetasse o futuro candidato à Casa Branca, mesmo que envolvesse pagamentos em troca do silêncio.

Trump, o 45º presidente dos Estados Unidos (2017-2021), é acusado de falsificar documentos contábeis de seu império Trump Organization para esconder um pagamento de US$ 130 mil à ex-atriz pornô Stormy Daniels em troca de seu silêncio sobre um suposto encontro sexual que tiveram em 2006.

Os promotores afirmam que a fraude tinha como objetivo evitar que os eleitores de 2016 soubessem de seu comportamento.

Não há limite de tempo para as deliberações, mas é necessário um veredicto unânime para absolvê-lo ou condená-lo. Caso um dos jurados não concorde com os demais, o processo é declarado nulo e um novo julgamento deverá ser realizado.

Se Trump for considerado culpado, as repercussões políticas superariam em muito a gravidade das acusações, uma vez que, apenas cinco meses antes das eleições presidenciais, o candidato também se tornaria um criminoso condenado.

- "Bom senso" -

Nos seus argumentos finais na terça-feira, a equipe de defesa de Trump insistiu que as provas para uma condenação simplesmente não existem, enquanto a acusação respondeu que são volumosas e inevitáveis.

"A intenção de fraudar do réu não poderia ser mais clara", disse o promotor Joshua Steinglass, instando os jurados a recorrerem ao "bom senso" e devolverem um veredicto de culpa.

Se for condenado, o republicano pode pegar até quatro anos de prisão por cada uma das 34 acusações, mas especialistas jurídicos dizem que, por não ter antecedentes criminais, é improvável que vá para a prisão.

Uma condenação não o impediria de concorrer às eleições de novembro e é quase certo que o ex-presidente recorreria da decisão.

Em caso de anulação, os promotores poderão solicitar um novo julgamento.

Trump, forçado a comparecer a todas as audiências, usou as suas aparições para espalhar a sua afirmação de que o julgamento é uma manobra democrata para mantê-lo fora da campanha.

As pesquisas mostram que o republicano está lado a lado com o presidente Joe Biden, e o veredicto intensificará ainda mais a corrida pela Casa Branca.

Além do caso de Nova York, o magnata foi acusado em Washington e na Geórgia de conspiração para anular os resultados das eleições de 2020. Ele também enfrenta acusações na Flórida por ter levado enormes quantidades de documentos confidenciais depois de deixar a Casa Branca.

No entanto, o caso de Nova York é o único que provavelmente será julgado antes do dia das eleições.

© Agence France-Presse

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