Passagem nos Pirineus permite migração maciça de insetos para a Espanha

Uma corredor montanhoso de apenas 30 metros nos Pirineus permite a migração de milhões de insetos por ano para a Espanha, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (12).

Essa migração maciça foi detectada há mais de 70 anos na passagem de Bujaruelo, na comunidade espanhola de Aragão, mas este estudo do cientista britânico Will Hawkes é o primeiro a dar uma ideia aproximada da variedade de insetos e do número de exemplares que fazem a travessia buscando climas mais quentes.

Em seu auge, são mais de 3.000 insetos por minuto por metro de terreno, segundo o texto publicado a revista Proceedings of the Royal Society B.

"Foi a coisa mais maravilhosa que já vi", disse Hawkes, pesquisador da universidade de Exeter.

É uma verdadeira "tempestade de borboletas, como uma tempestade de pétalas".

Hawkes presenciou a migração em um dia de setembro, embora os observadores amadores possam assisti-la em qualquer dia com sol desse mês ou em outubro, antes da chegada do outono no hemisfério norte.

Primeiro, foi um enorme "zumbido em uníssono", explicou.

Quando olhou vale abaixo, havia tantos insetos movendo-se ao seu redor que parecia "um tapete com vida", disse o cientista à AFP.

A equipe de pesquisadores britânicos visitou a passagem montanhosa todo outono desde 2018. Com a ajuda de uma câmera de vídeo e armadilhas, conseguiram contar e identificar os insetos.

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Nos enxames foi possível identificar borboletas ou libélulas, mas são, sobretudo, as moscas domésticas (90%) as que predominam.

Destacam-se as moscas da espécie Episyrphus balteatus, de listras laranjas e pretas, que comem os pulgões, e por isso são excelentes para se livrar de pragas em plantios ou jardins, disse Hawkes.

Por atravessarem centenas de quilômetros, poderiam ser, inclusive, melhores polinizadores que as abelhas, acrescentou.

A migração de insetos pode ter sido muito maior no passado.

Acredita-se que o volume de moscas Episyrphus balteatus tenha diminuído por causa dos pesticidas, da perda de seu hábitat e das mudanças climáticas.

Hawkes ressaltou um estudo alemão de 2020 que encontrou que o número de moscas que comem pulgões tinha diminuído em 97%.

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© Agence France-Presse

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