Israel prossegue ofensiva em Rafah, aumentando tensão com Hezbollah no Líbano
Israel bombardeou Rafah nesta quinta-feira (13), segundo moradores desta cidade no sul da Faixa de Gaza, onde o Hamas reportou confrontos nas ruas, à medida em que segue aumentando a tensão entre as autoridades israelenses e o movimento libanês Hezbollah.
Na fronteira norte de Israel com o Líbano, as forças do Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã e aliado do Hamas, atacaram novamente posições militares, ao que Israel declarou que responderia "com força".
Relacionadas
Na Faixa de Gaza, moradores disseram que as áreas ocidentais de Rafah foram alvo de ataques aéreos, marítimos e terrestres nesta quinta.
"Houve fogo muito intenso de aviões de guerra, Apaches (helicópteros) e quadricópteros, bem como de artilharia israelense e navios militares de combate, todos atacando a área a oeste de Rafah", contou um deles à AFP.
Já o grupo islamista palestino Hamas indicou que seus milicianos estavam lutando contra soldados israelenses nas ruas da cidade, perto da fronteira com o Egito.
A guerra em Gaza eclodiu quando combatentes do Hamas mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
O Exército de Israel estima que 116 reféns permaneçam cativos em Gaza, embora acredite que 41 deles estejam mortos.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que deixou pelo menos 37.232 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.
Nesta quinta-feira, a Colômbia anunciou que acolherá crianças palestinas feridas em Gaza "para reabilitação".
A vice-ministra de Assuntos Multilaterais, Elizabeth Taylor Jay, que deu a notícia, não indicou quantas crianças serão atendidas, quantas chegarão à Colômbia ou como serão ajudadas a sair de Gaza.
Risco de uma "expansão da guerra"
O Exército israelense informou que suas tropas realizaram "operações direcionadas na área de Rafah", onde encontraram armas e mataram vários militantes "em confrontos corpo a corpo".
Mais de 10 militantes foram mortos no centro de Gaza, acrescentou esta fonte.
Um repórter da AFP relatou ataques e bombardeios em outras partes do território durante a noite, e a Defesa Civil de Gaza afirmou que três corpos foram recuperados de uma casa em Nuseirat (centro), após um ataque israelense.
O conflito no território palestino também expandiu suas tensões na fronteira entre Israel e Líbano.
O Hezbollah declarou que atacou alvos militares em Israel na quarta e quinta-feira com uma nova salva de foguetes e drones, em retaliação a um ataque israelense que matou um de seus comandantes na terça-feira.
O Exército israelense disse que a maioria dos projéteis foi interceptada e outros causaram incêndios.
"Israel responderá com força a todas as agressões do Hezbollah", declarou o porta-voz do governo, David Mencer.
Durante uma visita do ministro interino das Relações Exteriores do Irã a Bagdá, seu homólogo iraquiano, Fuad Hussein, declarou que a possível "expansão da guerra é um perigo não só para o Líbano, mas para toda a região".
Esforços para uma trégua
Os esforços para alcançar uma trégua foram paralisados quando Israel iniciou sua operação terrestre em Rafah, no início de maio, mas o presidente americano, Joe Biden, tentou relançá-los no final do mês, apresentando uma nova proposta.
O plano, apoiado pelo Conselho de Segurança da ONU e pelas potências árabes, inclui um cessar-fogo de seis semanas, a troca de reféns por prisioneiros palestinos e a reconstrução de Gaza.
O Hamas respondeu aos mediadores internacionais na terça-feira, e o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, declarou durante sua visita ao Catar na quarta que algumas de suas exigências "são realizáveis, outras não".
Osama Hamdan, alto dirigente do movimento islamista, disse à AFP que as emendas propostas exigem "um cessar-fogo permanente e a retirada completa" das tropas israelenses de Gaza, requisitos que Israel rejeita.
Os Estados Unidos apresentaram a proposta como uma iniciativa israelense, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujo governo inclui membros da extrema direita que se opõem fortemente ao acordo, ainda não a apoiou formalmente.