Dior celebra artesanato de luxo com desfile casual e gatos, Yasuhiro apresenta karokê

O estilista Kim Jones prestou homenagem ao artesanato nesta sexta-feira(21) no desfile da Dior em Paris, com roupas confortáveis, tamancos e estampas com desenhos quase infantis, em uma passarela repleta de gatos gigantes de cerâmica.

Jones quis misturar "o feito em casa à alfaiataria, o global ao local" para este desfile, para o qual recorreu à obra de um desconhecido ceramista sul-africano de 83 anos.

As silhuetas são esculturais e práticas, com calças largas, camisetas sem mangas, tricôs e casacos. A roupa tem um toque anos 1950, com acabamentos brilhantes.

O cabelo é penteado para trás e a louça virou inspiração para os trajes, com colares de porcelana e estampas de "azulejos" portugueses.

Nos cortes, predomina o arredondado, suave, como as imensas esculturas de gato em meio à passarela nos jardins do Val-de-Grâce, em Paris.

A luz laranja evoca um passeio despreocupado à praia, combinando com a paleta do desfile: amarelo pálido, marrom, verde e tons pasteis.

"Queria manter as coisas leves, otimistas, porque o mundo está obscuro o suficiente neste momento", declara em seu atelier Kim Jones, durante um encontro com a imprensa antes do desfile.

Após uma maratona de 66 coleções em seis anos, o estilista de 50 anos apareceu descontraído, vestido com short, tênis e um suéter com capuz verde, e reconheceu que se encontrou na Dior.

"A ideia sempre é mergulhar nas referências e brincar um pouco com elas, isso é o que vende", explica o estilista, que sempre assume o aspecto comercial de suas coleções e fala abertamente sobre seu "cliente", em cada frase.

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Como de costume, a Dior Homme dá destaque aos calçados. Nesta temporada, o tamanco, tradicionalmente artesanal, é reinventado em madeira de faia e couro de bezerro, com uma enorme sola cravejada para afastar-se, segundo sua nota, "dos clichês".

Nos acessórios, Dior recupera sua 'best seller' de 25 anos, a bolsa "Saddle", além de um intrigante chapéu em forma de sino, que aparenta ter inspiração indígena.

- O karaokê de Mihara Yasuhiro - 

O japonês Mihara Yasuhiro teve a difícil tarefa de apresentar sua coleção logo após a Dior, que costuma reunir celebridades e fãs, mas este estilista defensor do street wear costuma sair-se bem graças ao seu senso de humor.

Para seu desfile em um salão de festas parisiense, Yasuhiro fez surgir do público cantores que começaram a interpretar músicas conhecidas das décadas de 1960 e 1970 no estilo karaokê, com a ajuda de um telão. 

Para alegria da plateia, os cantores trabalharam a plenos pulmões, em total contraste com os rostos sérios das modelos que desfilaram, como costuma ser nas passarelas. 

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"Cresci no Japão, mas fui influenciado pelas roupas americanas e europeias. Interesso-me por roupas casuais, mas gosto de tornar essas roupas casuais elegantes e refinadas", disse o criador à AFP.

Ele é famosos por subverter seus trajes, como jaquetas jeans que são abertas nas costas, calças esportivas amplas ganham fendas na parte de trás. Com seu olhar irônico, afirma que há seriedade demais no mundo da moda. 

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© Agence France-Presse

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