'O que se fez com Assange é criminoso', disse ex-presidente equatoriano Correa

O ex-presidente equatoriano Rafael Correa, que, em 2012, concedeu asilo político a Julian Assange na embaixada de seu país em Londres, afirmou à AFP nesta quarta-feira que o que ocorreu com o jornalista australiano é "criminoso". 

"O importante é que está livre, pode ser que depois seus advogados analisem outras possibilidades, porque o que se fez com Julian Assange é criminoso", expressou o ex-mandatário, em relação à sua demorada prisão. 

Correa, que foi presidente do Equador entre 2007 e 2017, disse que "nunca falamos nem sequer por telefone" com Assange, e acrescentou que "ficaria encantado em conhecê-lo, e lhe dar um grande abraço". 

Os dois se falaram uma vez quando Assange tinha um programa na rede de TV Russia Today e fez uma entrevista com Correa.

No entanto, o ex-presidente equatoriano disse que estava convencido de que Assange deveria agora ter "outras prioridades, como abraçar sua esposa, seus filhos, seu pai, retornar à sua terra natal, ver seus amigos".

O fundador do WikiLeaks, Assange, retornou à Austrália nesta quarta-feira para começar uma nova vida após um acordo com o sistema judiciário dos EUA, que o libertou em troca da confissão de culpa pela divulgação de segredos de defesa.

O retorno de Assange à Austrália como um homem livre encerrou uma saga legal que se arrastou por mais de uma década, incluindo cinco anos em uma prisão britânica de segurança máxima e sete anos sem poder sair da embaixada equatoriana em Londres.

"Acredito que essa injustiça contra Assange se tornou uma 'batata quente' para os Estados Unidos, que procuraram uma saída um tanto decorosa, que ele se declarasse culpado de um crime menor", disse Correa à AFP.

A concessão de asilo a Assange em 2012, disse o ex-presidente, foi o resultado de "dois meses de estudo aprofundado do caso", dada a necessidade de saber se seu direito ao devido processo poderia ser afetado.

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Quando perguntado se concederia asilo a Assange novamente, Correa respondeu sem hesitar: "Dez mil vezes".

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© Agence France-Presse

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