Netanyahu fará discurso no Congresso americano em momento crítico para Gaza

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fará um discurso no Congresso americano nesta quarta-feira (24) para tentar exercer pressão em um contexto tenso entre estes dois países aliados após nove meses de guerra em Gaza.

A visita do dirigente israelense a Washington ocorre em um momento de agitação política nos Estados Unidos, com a tentativa de assassinato de Donald Trump, a desistência de Joe Biden da corrida à Casa Branca e a entrada de Kamala Harris na disputa, candidata democrata quase certa às eleições de novembro contra o magnata republicano.  

Esta é a quarta vez que Netanyahu se dirigirá ao Congresso americano, um recorde para um dirigente estrangeiro e um privilégio normalmente reservado a líderes em visitas de Estado.

O premiê israelense falará para ambas as câmaras em uma sessão especial a partir das 15h de Brasília.

"Vou dizer aos meus amigos de ambos os lados que, independentemente do próximo presidente eleito pelo povo americano, Israel continua sendo o aliado forte e indispensável dos Estados Unidos no Oriente Médio", disse Netanyahu antes de iniciar a viagem.

Ele se reunirá na quinta-feira na Casa Branca com Joe Biden, com quem tem uma relação complicada, para discutir "a situação em Gaza", "progressos em direção a um cessar-fogo" e "um acordo sobre a libertação de reféns", de acordo com a Casa Branca.

Kamala Harris não estará presente ao seu discurso devido a uma viagem previamente agendada, mas conversará separadamente com o premiê israelense na quinta-feira.

Netanyahu viaja na sexta-feira para Mar-a-Lago, convidado por Donald Trump, com quem tem uma relação estreita.

- Visita polêmica -

Netanyahu não viajou a Washington a convite da Casa Branca, mas dos líderes republicanos do Congresso, aos quais os democratas se juntaram relutantemente.

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A visita do primeiro-ministro israelense está causando tumulto.

Muitos congressistas democratas estão furiosos com a maneira como Netanyahu está conduzindo a guerra em Gaza contra o grupo islamista palestino Hamas, e alguns anunciaram um boicote ao discurso. Nancy Pelosi, muito influente no partido, informou que não irá comparecer.

"Não, Netanyahu não é bem-vindo no Congresso dos Estados Unidos", escreveu o senador de esquerda Bernie Sanders nas redes sociais.

Na quarta-feira, milhares de manifestantes se reuniram perto do Congresso com cartazes pedindo aos Estados Unidos para "parar a ajuda militar a Israel" e chamando Netanyahu de "criminoso de guerra".

Os Estados Unidos são um grande aliado de Israel e seu principal fornecedor de apoio militar.

Nos últimos meses, entretanto, o governo Biden criticou as consequências da resposta de Israel ao ataque do Hamas em 7 de outubro, o qual desencadeou a guerra na Faixa de Gaza. Washington insiste que Israel deve proteger mais os civis e permitir a entrada de ajuda humanitária.

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Os Estados Unidos chegaram a suspender a entrega de alguns tipos de bombas, o que provocou a ira do governo israelense.

O premiê israelense aproveitará o discurso para defender seu objetivo de eliminar o Hamas e destacar a ameaça representada pelo Irã, após o ataque sem precedentes em 13 de abril contra Israel.

- Pós-guerra -

Atualmente, a prioridade do presidente americano é pressionar Netanyahu a fechar um acordo de cessar-fogo com o Hamas, e alguns observadores suspeitam que o premiê israelense está procrastinando por conta da pressão dos membros de extrema direita de seu governo.

Para Washington, se trata também de se preparar para o pós-guerra. Há uma grande divergência entre a administração Biden e o governo Netanyahu sobre a perspectiva de criar um Estado palestino.

Em 7 de outubro, milicianos islamistas do Hamas mataram 1.197 pessoas, na maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses.

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O Exército israelense estima que 116 pessoas permaneçam em cativeiro em Gaza, incluindo 44 que estariam mortas.

Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas, considerado uma organização "terrorista" pelos Estados Unidos, Israel e a União Europeia, e lançou uma ofensiva que já matou mais de 39.000 pessoas em Gaza, a maioria civis, de acordo com o ministério da Saúde do território palestino.

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© Agence France-Presse

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